O excesso de peso das mochilas escolares tem preocupado médicos, pais e até as escolas. Os especialistas recomendam que a carga do acessório em uso nunca deve ultrapassar 5% do peso corporal da criança e 10% no caso do jovem. Ultrapassar a marca é dar margem para problemas de saúde. O tema tem sido um desafio para as escolas em razão dos aparelhos eletrônicos, como tabletes e celulares, que agora disputam espaço na mochila, já cheia de livros, cadernos, roupa e até brinquedos.
Em Santo André, o Educandário Santo Antônio encontrou uma saída. Desde a volta às aulas, todos os alunos – possui cerca de 600 entre educação infantil e ensino fundamental – ganharam espaço para guardar os materiais. Os pequenos deixam os pertences numa colmeia na sala de aula, enquanto os maiores dispõem de armários identificados com cores e números, e com chaves.
No projeto Aluno sem Mala, o Educandário também reestruturou o modelo de ensino junto aos professores com modificação na entrega e cobrança das lições de casa e orientação aos pais para autorizar o material mais pesado ficar na própria escola. “Os alunos carregavam muito peso dentro da mala. Com o projeto, eles podem deixar a maior parte do material na e carregar consigo somente a apostila e a agenda para fazer as lições de casa”, conta Denise Bernardo, diretora.
Em Mauá, o Colégio Barão mantém o serviço opcional de armários para todas as séries, que custa R$ 100 por ano de cada usuário. Cerca de 100 alunos utilizam o serviço na escola, que adotou apenas uma apostila por trimestre, com todas as matérias. “É uma apostila que não pesa muito”, defende Rosângela Zanesco, diretora pedagógica.
Peso absurdo
Monalisa Campos, com filho no quarto ano do ensino fundamental em Santo André, diz que para resolver o problema teve de gastar, porque o peso da mochila da criança era absurda. “A carga era tanta que disputava com o peso do Leonardo, então tive de comprar uma mochila com rodas para ele não sofrer tanto”, afirma a mãe.
Moisés Cheidde Neto, ortopedista do Hospital Assunção, em São Bernardo, adverte que carregar muitos objetos que excedem o peso corporal pode causar dores nas costas e até processos inflamatórios. “A maioria dos alunos é obrigada a carregar materiais de uma só vez, por não ter armários na escola, o que sobrecarrega a coluna. Alguns ainda levam a mochila de forma incorreta, em um lado só dos braços compensando o peso em um dos ombros, e nas costas, o que pode agravar eventuais desvios de coluna”, conta. De acordo com o médico, o ideal no caso dos maiores é usar mochilas com fivela presa no peito. Para os menores, a mala com rodinhas é perfeita.
(Colaborou Amanda Lemos)