Conceito de depósito de idosos acabou, diz especialista

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Dados do IBGE apontam que a região ganhou quase 86 mil idosos nos últimos 10 anos. Hoje, são 272,1 mil habitantes com mais de 60 anos nas sete cidades, ou seja, 11% da população da região. O crescimento, somado à falta de tempo e à redução do número de componentes nas famílias, tem estimulado o mercado a apostar em serviços para idosos, principalmente clínicas e casas de repousos.

Exemplo é a Residence Care, instalada no bairro Planalto, em São Bernardo, que atua há seis anos e já fala em expansão para atender à demanda. Segundo uma das proprietárias da unidade, Luciana dos Santos Giarini Fontes, a intenção é ampliar o espaço nos próximos anos para mais 110 idosos. “Hoje atendemos 93 idosos e temos capacidade para receber 100. Queremos ampliar o espaço físico em duas fases. Na primeira criaremos 20 vagas e na segunda mais 90. Demanda nós temos, agora falta criar espaço”, conta, sem dar previsão de entrega ou investimento.

A recém-inaugurada Clínica Riviera, no bairro Campestre, em Santo André, tem capacidade para atender 40 idosos com mais de 60 anos. Para Alessandra Munuera, proprietária do espaço ao lado de Sylvia Wenzel, o aumento de procura se deve, também, à mudança de postura dos familiares. “Antes havia certo preconceito com relação a colocar idosos em clínicas ou casas de repouso, mas percebemos que isso tem diminuído porque a família entende que nestes locais há uma assistência muito maior do que aquela que seria dada dentro de casa”, explica.

“A necessidade de atenção 24 horas por dia faz com que muitas famílias optem por deixar o idoso numa casa de repouso ou clínica ao invés de contratar o serviço de home care, que acaba saindo muito mais caro”, completa Luciana. Na Residence Care a estadia do idoso parte de R$ 3,5 mil por mês. Já na Clínica Riviera o valor inicial é de R$ 2,5 mil.

Serviços
Além do acompanhamento constante de enfermeiro e técnicos de enfermagem, Alessandra conta que a Clínica Riviera oferece consulta com geriatra, fisioterapeuta e nutricionista uma vez por semana. Entre as atividades previstas para atender os idosos estão artesanato, culinária, bingo e alongamento. Na Residence Care há atendimento psicológico, hidroterapia e terapia ocupacional.

Conceito de ‘depósito de idosos’ acabou, diz especialista
Apesar de ainda haver resistência tanto por parte da família quanto dos próprios idosos, o preconceito com as instituições de longa permanência tem diminuído ao longo dos anos. É o que aponta a professora da disciplina de Saúde do Idoso do curso de Enfermagem da Faculdade de Medicina do ABC, Ana Paula Guarnieri, também coordenadora do Ambulatório de Gerontogeriatria do Centro de Saúde -Escola do Parque Capuava, em Santo André.

“Há uns 10 anos os asilos, como eram chamados estes locais, eram vistos por parte da sociedade como depósito de idosos. Hoje, a demanda transformou isso num negócio e fez com que as pessoas os vissem como alternativa à vida corrida das famílias”, defende a especialista.

Segundo Ana Paula, antigamente o cotidiano das pessoas tornava mais fácil a convivência e o cuidado com os idosos, porém, com o passar do tempo as pessoas passaram a trabalhar mais e ter menos tempo disponível. “Se a família não consegue cuidar de um idoso que requer atenção todo o tempo, ou contrata profissionais para garantir a assistência dentro de casa ou o coloca numa clínica. O que não pode é se tornar negligente”, afirma.

Cuidados
Antes de contratar os serviços de uma casa de repouso é preciso, no entanto, prestar atenção em alguns fatores para garantir que o idoso será bem cuidado. Ana Paula afirma que boas instituições contam com serviços de enfermeiros (e não apenas técnicos) e atendimento periódico de médicos (clínico geral ou geriatra). “Poder visitar o local quando desejar, sem restrições de dias, ajuda a aumentar a confiança”, aponta. Atenção também na higiene e na qualidade da alimentação e dos serviços prestados também são outras recomendações. (AB)