Especialistas do ABC divergem sobre autonomia do Banco Central

Banco Central está no centro da campanha eleitoral deste ano

Especialistas da região ouvidos pelo RD têm opiniões distintas a respeito de um dos principais temas que tem pautado a campanha eleitoral: a autonomia do Banco Central.

A instituição tem como um dos principais objetivos combater a inflação e atua de maneiras diferentes em diversos países. No Chile, Inglaterra, Estados Unidos e Japão, por exemplo, o BC é autônomo.

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O coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista, Sandro Maskio, é favorável à autonomia do órgão.

“O Banco Central tem que ter autonomia, é um órgão técnico, cuida de questões técnicas. Por isso o BC tem que ter agilidade no seu grande objetivo que é manter o padrão de valor da moeda. Muitas vezes isso requer medidas que são amargas”, avalia Maskio. “A autonomia do Banco Central é necessária para impedir que o órgão seja utilizado com outros objetivos, seja por questões políticas ou populistas”.

A opinião não é compartilhada pelo gestor do Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), Leandro Prearo.

“Minha visão é que o Banco Central não deve ser autônomo. Acho que o governo deve ter alguma gerência sobre o processo de política econômica. No Brasil as instituições não estão preparadas para agir de forma isolada, de forma independente. Vejo como um prejuízo essa iniciativa”, avalia Prearo, que acompanha de perto o cenário econômico e seus efeitos em diversos indicadores do ABC.

Economista formado pela Fundação Santo André, Ramon Barazal defende um BC com independência. “Acho que o Banco Central deve de fato ser autônomo porque, na medida que o Banco Central tem ligações diretas com o governo, é claro que ele vai ficar sujeito a determinados humores e sabores do poder Executivo”, avalia o especialista. “O BC passa a ser mais isento das cores político-partidárias, seja lá quem for que estiver dirigindo o país”.

O que pensam os candidatos
Cada um dos três principais candidatos à Presidência da República tem uma opinião diferente quando o assunto é autonomia do Banco Central. A candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), é contra a medida – e tem utilizado essa posição como uma das armas para atacar sua principal adversária, Marina Silva (PSB). Dilma tem dito que a autonomia formal do BC significaria entregar os rumos da economia brasileira nas mãos de banqueiros.

Apesar de apontar como danosa a interferência do governo no Banco Central, o candidato Aécio Neves (PSDB) não é a favor que a instituição ganhe autonomia garantida por lei. O tucano defende que o BC tenha independência para trabalhar, mas não acha necessário uma legislação específica que garanta esse direito.

A opinião do tucano coincide com a visão dos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula, períodos apontados por especialistas em que o Banco Central teve liberdade total para trabalhar.

A proposta de Marina Silva é dar autonomia formal ao BC, garantindo a independência em lei e fixando mandato do presidente da instituição.

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