ABC - domingo , 13 de julho de 2025

ABC tem 562 vagas em abrigos para mais de 2 mil pessoas em situação de rua

Região tem pelo menos 2 mil pessoas que vivem nas ruas. (Foto: Pedro Diogo)

As temperaturas no ABC devem ficar abaixo os 10 graus pelo menos até o início da próxima semana, com madrugadas ainda mais frias, o que traz risco de morte para a população que vive em situação de rua. A região tem 562 vagas de abrigo para quem quiser passar a noite longe do frio das ruas, mas segundo as próprias administrações municipais, a população em situação de rua é estimada em mais de 2 mil pessoas (os dados não incluem Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que não informaram). Apesar das cidades informarem que ampliaram a infraestrutura o Movimento Nacional da População de Rua – Regional do ABC diz que a estrutura não aumentou falta diálogo para ampliar o atendimento.

Em agosto do ano passado um homem morreu na praça Brasil, em São Bernardo, e a causa levantada na época foi a hipotermia, ou seja, o frio o teria matado. Neste ano ainda não há registro deste tipo de situação. Para Thiago da Silva Quintanilha, coordenador regional do Movimento Nacional da População de Rua, as prefeituras não querem conversar com o movimento. “A gente precisa discutir a quantidade de vagas e também a infraestrutura, não adianta abrigar alguém se não tem uma toalha ou um sabonete para o banho, assim as pessoas não vão e preferem ficar na rua. Há uma demanda grande e tem atendimento nos lugares mais centralizados, mas e nos bairros mais afastados não tem”, diz

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Quintanilha faz muitas críticas às formas de atuação dos municípios na atenção à população que vive nas ruas. “O atendimento deve ser centralizado com o serviço social percorrendo a cidade com vans, mas nem sempre isso funciona; em São Caetano são poucas vagas, em Santo André o abrigo não é centralizado e as pessoas que querem ir caminham por horas ou tentam pular catraca no ônibus. Em Diadema, Santo André e São Caetano não temos qualquer abertura para diálogo o que nos faz pensar em uma postura higienista”, critica.

Situações de arquitetura hostil aos moradores de rua, e expulsão deles de áreas públicas acontecem na região segundo o coordenador. “As prefeituras descumprem as políticas e leis para a população de rua. Eles têm que ter uma casa de passagem do município e não só mandar para as ONGs, também não podem fazer uma retirada compulsória das pessoas das ruas, fazendo isso cometem um crime federal. Então a gente quer conversar, mas é preciso que as prefeituras abram as portas”, destaca.

Os municípios alegam que reforçaram a infraestrutura para atendimento aos moradores de rua desde que as temperaturas caíram, nos últimos dias. Alegam que as equipes de abordagem foram reforçadas e que contam com apoio de entidades.

São Caetano

Em São Caetano a prefeitura informa que o abrigo é feito por duas entidades conveniadas que contam com 130 vagas fixas e 22 de pernoite. “Desde o início da Operação Inverno, em 30 de maio, a maior ocupação registrada por noite foi de 19 pessoas. Além dos serviços ofertados temos algumas ações feitas pela sociedade civil: às segundas e quartas-feiras temos a ONG Mãos que Abençoam, oferta café da manhã, almoço e higiene pessoal e às sextas-feiras café da amanhã e almoço; às terças-feiras temos a ONG Voluntários do Bem, que oferta marmitas no horário do almoço nas praças da Igreja Matriz e das Figueiras e entre os dias mais frios, também realizam a entrega de meias, toucas e cachecóis; às quintas-feiras, sextas-feiras e sábados, temos oferta de chocolate quente das Igrejas Candelária, Paróquia Nossa Senhora Aparecida e Paróquia São Francisco. A equipe de abordagem social também entrega cobertores as pessoas em situação de rua e fornece kits que contêm: blusa de frio, calça, meia, touca, cueca e kit higiene”, diz comunicado da prefeitura que não estimou, no entanto, quantas pessoas vivem nas ruas da cidade.

Diadema

Outras duas organizações da sociedade civil atuam em Diadema para acolhimento da população em situação de rua no período noturno, com um total de 60 vagas disponíveis. A administração disse que acionou a Operação Baixas Temperaturas em maio e ela permanecerá até setembro. “Para atender essa demanda, foram ampliadas emergencialmente a oferta de vagas, estando ainda o Centro POP disponível para acolhimento noturno, caso seja necessário. As equipes do Serviço Especializado de Abordagem Social estão nas ruas com plantões reforçados, realizando buscas ativas, orientando sobre os riscos do frio, oferecendo acolhimento institucional e distribuindo insumos emergenciais, como cobertores, roupas de frio e kits de higiene, a quem permanece nas ruas”, diz o município em nota. Segundo ainda a prefeitura, a média de ocupação está em 75 pessoas por dia nestes abrigos, ou seja acima da capacidade normal, no ano passado, nesta mesma época a média era de 70 pessoas por dia. Diadema tem cerca de 300 pessoas em situação de rua, segundo cálculos da gestão municipal.

Santo André

Em Santo André, além de abrigar quem vive nas ruas, há reserva de lugares também para os animais de estimação deste público. Atualmente de 220 vagas para pernoite, além de 10 vagas para os pets. “A Operação Inverno está em vigor desde 23 de maio e as vagas já foram ampliadas em 30%, podendo ser ampliadas o quanto for necessário. Temos duas equipes a mais de educadores sociais trabalhando no Serviço Especializado de Abordagem Social desde o início da Operação Inverno. Para quem recusa o acolhimento para pernoite, a prefeitura oferece cobertor e kit lanche. Além disso, reforçamos a informação de que o Centro Pop oferece banho quente, alimentação e troca de roupa 24 horas por dia. Mesmo com as ondas de frio mais intenso a procura por vagas sofreu um ligeiro aumento apenas a partir da madrugada do dia 1º de julho (terça-feira), mas ainda assim a média de ocupação tem sido de aproximadamente 140 vagas. No mesmo período do ano passado, a média era de 145 vagas”, detalha o município. A prefeitura estima que 731 pessoas morem nas ruas do município. Os serviços de abordagem podem ser acionados na Defesa Civil (telefone 199) ou via WhatsApp pelo número (11) 93342-4178 ou (11) 93342-4059.

Mauá

São duas equipes que atuam na Operação Inverno, coordenada pela Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Mauá. Cada equipe é formada por orientadores e assistentes sociais, agentes da Defesa Civil, Secretaria de Saúde (Ambulatório de Rua) e Secretaria de Segurança Pública (Guarda Civil Municipal). “A Prefeitura de Mauá tem um total de 80 vagas para atender este público no Centro POP e no Albergue Noturno. Durante o pernoite, os abrigados tomam banho, jantam, recebem roupas e cama limpa. Os animais de estimação que os acompanham recebem ração e agasalho. Quem escolhe permanecer nas vias, recebe orientações sobre os serviços, um kit com lanche, suco e fruta e cobertor. Na última noite (03/07), foram 42 abordagens com entrega de cobertores e lanches. Oito pessoas aceitaram acolhimento e 29 foram espontaneamente para o Centro Pop e 26 no Albergue Noturno. A média de acolhimento nos últimos 10 dias é em torno de 65 pessoas”, informa o município. De acordo com o último levantamento feito pela prefeitura em 26/06 foram contabilizadas 370 pessoas em situação de rua que são acompanhados pela Secretaria de Assistência Social. Denúncias de munícipes podem ser realizadas pelo Disque 153, da GCM. A Operação Inverno segue até dia 30 de setembro. O Centro POP está localizado na Avenida Washington Luiz, 625, Jardim Cerqueira Leite. A população pode ligar diretamente para o local pelo telefone 4547-1061, das 7h às 19h.

São Bernardo

São Bernardo tem dois serviços de acolhimento, a Casa de Passagem, na região central, e a Moradia Provisória, no Riacho Grande. A capacidade de atendimento dos dois serviços é de até 180 pessoas por dia, com a possibilidade de ampliação, caso haja demanda. A Casa de Passagem aceita animais de estimação. “Após abordagem, caso aceite o acolhimento, a pessoa é transportada ao abrigo da Casa de Passagem Central ou para serviço de moradia provisória que funciona no Riacho Grande. Ainda que não aceite o acolhimento ao abrigo, a equipe de abordagem oferta cobertores, blusas e vestuários de inverno. No serviço de acolhimento, os atendidos contam com estrutura para banho, refeição, dormitório, roupas e agasalhos. A Prefeitura iniciou, no dia 1º de junho, a Operação Aquece São Bernardo, que reforçou e ampliou os serviços de abordagem e acolhimento a pessoas em situação de rua na cidade. Neste primeiro mês da Operação, a média diária de ocupação dos serviços de acolhimento foi de 125 pessoas”, informa a prefeitura. O acionamento do atendimento é feito pelo 153 da GCM ou pelo WhatsApp e telefone: (11) 99231-7784 / 99231-6599. A cidade tem 640 cadastros ativos, segundo a atualização feita em 31/05.

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