
Com a chegada do inverno e o aumento nos casos de síndromes respiratórias, a cobertura vacinal contra a gripe segue baixa no ABC. Levantamento feito a pedido do RD com prefeituras da região mostra que nenhuma das cidades consultadas — Santo André, São Caetano, Diadema e Rio Grande da Serra – atingiu sequer 55% de adesão entre os grupos prioritários.
A situação acende alerta para as autoridades de saúde, já que a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde é de 90% de cobertura entre idosos, crianças, gestantes e pessoas com comorbidades. Além disso, a baixa procura também se repete mesmo após a ampliação da campanha para toda a população a partir dos seis meses de idade.
Em Santo André, por exemplo, somente 43,5% do público-alvo foi vacinado até agora, o que representa 109.123 pessoas de um total estimado de 250.509. Na tentativa de atingir mais público, a cidade intensificou ações fora das unidades básicas de saúde, como vacinação em shoppings e até em festas como o Arraial Solidário, mas a meta continua longe. Entre os idosos, a cobertura é de 48%; entre as crianças, 26%; e entre as gestantes, apenas 33%.
A cobertura é um pouco melhor em São Caetano, que chegou a 50,66% do público-alvo vacinado. Em números absolutos, foram 25.720 doses aplicadas, frente a uma estimativa de 50.771 pessoas. Mesmo com vacinação aos sábados, em escolas e UBSs com horário ampliado, a adesão caiu em relação ao ano passado, quando mais de 32 mil pessoas do grupo prioritário se imunizaram.
Em Diadema, o índice é ainda menor: 40,21% de cobertura entre os grupos prioritários, de acordo com dados do Ministério da Saúde. A cidade aplicou 69 mil doses em 2025, sendo 34.625 destinadas ao público-alvo – uma queda de 9% em relação ao mesmo período de 2024. Para tentar aumentar a procura, a Prefeitura tem apostado no Vacimóvel, que circula por feiras e empresas.
Adesão cai mais de 15%
Já em Rio Grande da Serra, a cobertura caiu de 52% em 2024 para 36% em 2025. Dessa forma, a gestão municipal promove campanhas em escolas, vacinação domiciliar e parceria com a CPTM, com aplicação em estações. Mesmo com as ações, a baixa adesão persiste, especialmente em áreas mais afastadas.
Para o infectologista Juvencio José Duailibe Furtado, professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), o cenário reflete falsa sensação de segurança da população diante da gripe. “As pessoas estão acomodadas, subestimam a doença e acreditam que a vacina não é mais necessária. Mas manter o calendário vacinal em dia significa saúde, principalmente no inverno”, alerta, em entrevista ao RD.
O médico também fez um apelo especial às famílias com crianças pequenas. “Todos aqueles que são pais sabem que a criança vai para a escola, traz vírus respiratório pra casa. Quanto mais essas crianças estiverem vacinadas, menos o vírus circula”, orienta. Segundo o médico, além da imunização, hábitos simples também ajudam a conter a disseminação do vírus: “A máscara ainda deve ser usada em locais fechados e cheios, especialmente por quem estiver com sintomas gripais. A higiene das mãos continua sendo fundamental”, completa o infectologista Juvencio José Duailibe Furtado.
A vacina segue disponível nas UBSs das cidades, com diferentes horários e ações extras para ampliar o acesso.