
Cosmo Maciel da Silva, morador do Jardim São Judas, no Campanário, em Diadema, procurou o RD para relatar dificuldades recorrentes enfrentadas na rede pública de saúde. Segundo o reclamante, a ausência de médicos especialistas, cancelamentos de consultas e extravio de guias de exames têm comprometido seu tratamento médico.
Tudo começou no início do ano passado, quando Cosmo foi diagnosticado com trombose. Desde então, ele vinha sendo acompanhado por uma médica vascular no Quarteirão da Saúde, no entanto, a profissional cancelou uma consulta ainda em 2024 e, ao retornar à unidade neste ano, Cosmo foi informado de que ela não fazia mais parte da equipe.
No dia 14 de abril de 2025, ele voltou ao local ser atendido por outro médico vascular. No entanto, foi surpreendido com a ausência do profissional. “Cheguei lá e me informaram que o vascular não veio. Disseram que ele faltou e que não há outro na unidade”, relata.
Sem o especialista disponível, foi orientado a procurar um ortopedista. Mas, segundo Cosmo, o Quarteirão da Saúde conta com apenas um profissional da área, cuja agenda está lotada. “Estou com o pé inchado, sentindo dor, e preciso de atendimento. Mas me disseram que tenho que esperar abrir uma vaga”, disse.
As dores e o inchaço afetam diretamente sua capacidade de trabalhar. “Não consigo ficar muito tempo em pé. Estou dependendo desse atendimento para voltar à minha vida normal”, comenta. Além das dores, Cosmo também diz enfrentar dificuldades financeiras para seguir o tratamento em caráter particular, sendo que uma das recomendações médicas foi o uso de uma meia compressora específica, que custa cerca de R$ 300 — valor inviável diante de sua renda mensal de R$ 600, proveniente do Bolsa Família. “Preciso me recuperar logo pra voltar a trabalhar. Minha irmã também teve trombose, mas conseguiu atendimento particular e já voltou à rotina”, relata.
Os problemas, segundo ele, não se restringem ao Quarteirão da Saúde. Na UBS Jardim Paineiras, localizada na Rua Javari, 635, Cosmo teve um exame de ultrassom agendado para 21 de março de 2025, mas não foi informado da data devido ao extravio da guia. O exame foi registrado como falta. “Disseram que eu faltei, mas eu nem sabia que tinha sido marcado. A guia simplesmente sumiu da unidade”, afirma.
Somente após acionar a ouvidoria e mencionar que procuraria a imprensa é que conseguiu remarcar o exame, realizado em outra unidade, no bairro Serraria. Ainda assim, continua sem conseguir o retorno com o ortopedista e não recebeu um relatório vascular que deveria ter sido entregue no Quarteirão da Saúde. “Estou tentando cuidar da minha saúde, mas está impossível desse jeito. Onde estão os médicos? Minha irmã desistiu de tentar atendimento com o vascular e agora paga consulta particular”, desabafou.
O RD procurou a Prefeitura de Diadema para esclarecimentos sobre a ausência de médicos especialistas nas unidades, mas até o momento a administração não se posicionou sobre o assunto.