
No período de oito anos (entre 2015 e 2023), o ABC apresentou redução expressiva no número de nascimentos em todas as sete cidades da região, com destaque para Diadema, onde a queda chegou a 52%. Ao mesmo tempo, o número de óbitos aumentou significativamente em cidades como São Bernardo, com alta de 33%. Os dados, extraídos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e da Fundação Seade, revelam mudanças demográficas que trazem desafios sociais e econômicos para a região.
O levantamento mostra uma transformação no perfil populacional da região: enquanto a base jovem diminui devido à queda nos nascimentos, o aumento dos óbitos reflete o envelhecimento da população. Para se ter ideia, em Santo André os nascimentos caíram de 9.161 em 2015 para 6.695 em 2023 – uma redução de quase 27%. Já os óbitos aumentaram de 5.197 para 6.200 no mesmo período, o que reflete a alta de 19,3%.
Em São Bernardo, os nascimentos passaram de 11.289 para 9.749 no mesmo período, uma queda de aproximadamente 13,7%. Ao mesmo tempo, os óbitos cresceram de 4.097 para 5.464, o que representa um aumento de 33,4%. Na cidade ao lado, em Ribeirão Pires, os nascimentos também tiveram queda, passaram de 1.418 em 2015 para 1.045 em 2023 – o que representa redução de 26,3%. Já os óbitos tiveram leve redução, de 685 para 644, equivalente a uma queda de aproximadamente 6%.
Para o sociólogo de Ribeirão Pires, Donizete Freitas, os números seguem uma tendência que se observa em todo o país. “O número de nascimentos é uma tendência que ocorreu no Brasil como um todo. Tivemos aspectos socioeconômicos, o aumento da escolaridade, maior acesso à educação, iniciativas de controle da natalidade e também a pandemia, que fez com que muitas pessoas refletissem sobre casamento e filhos. Muitos adiaram casamentos durante a pandemia e até refletiram sobre a possibilidade de adiar a decisão de ter filhos, o que trouxe impactos importantes, com adiamento de pelo menos quatro anos em todos esses planos”, explica.
Sobre o aumento no número de óbitos, o sociólogo comenta que é possível observar comportamentos distintos entre as cidades. “De forma interessante, temos municípios que apresentaram queda nos óbitos, o que está relacionado a fatores importantes como melhorias na área da saúde e também na redução da violência. A tendência, no entanto, é que cidades maiores tenham um número maior de óbitos, justamente porque a violência urbana pode fazer diferença nesse resultado”, analisa.
Outro ponto observado por Donizete é a leve redução nos óbitos registrada nos últimos dois anos, o que pode estar associada à melhora no cenário econômico e no bem-estar da população. “A normalidade econômica faz diferença na vida das pessoas e isso pode contribuir. Quando a economia está mais estabilizada, há menos conflitos urbanos e, principalmente, melhora na saúde mental das pessoas”, defende.
Ainda de acordo com o sociólogo, o isolamento durante a pandemia influenciou muito na questão. Quando você vai tendo uma situação mais equilibrada, com volta aos estudos, perspectiva de trabalho, isso ajuda bastante na saúde mental também”, frisa. Em sua opinião, é preciso implementar políticas públicas que promovam a saúde preventiva e que enfrentem os efeitos do envelhecimento populacional, a fim de garantir o desenvolvimento sustentável da população.