
O Dia Mundial da Hipertensão, celebrado neste sábado (17/05), chama atenção para os riscos dessa condição silenciosa e perigosa. Muitos só descobrem que são hipertensos após episódios graves, como infartos e AVCs. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que, entre 1990 e 2019, o número de pessoas com hipertensão dobrou, saltando de 650 milhões para 1,3 bilhão.
O cardiologista e professor do curso de Medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Henrique Lane Staniak, explica que o crescimento no número de casos se deve a dois fatores principais: o envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida. “Mas não podemos ignorar o papel dos fatores de risco como obesidade, sedentarismo e má alimentação, que têm impulsionado esse aumento de forma significativa”, ressalta.
Segundo ele, hábitos saudáveis são fundamentais para prevenir a hipertensão. “A prática regular de atividades físicas, pelo menos 150 minutos por semana, e a dieta DASH, rica em potássio e pobre em sódio, ajudam a manter a pressão sob controle”, orienta. A alimentação deve priorizar legumes, vegetais e frutas, com redução de açúcar, gorduras e carnes vermelhas. Ele também alerta para o consumo de álcool e o tabagismo: “Limitar o álcool e parar de fumar são atitudes essenciais para proteger o coração”.
O tratamento da hipertensão deve ser multidisciplinar, com acompanhamento de profissionais da saúde. “Nutricionistas ajudam a corrigir a dieta, educadores físicos indicam os melhores exercícios, e o cardiologista avalia a necessidade de medicamentos e investiga causas secundárias”, explica. Ele destaca ainda a importância de atenção para uma condição muitas vezes esquecida: “Uma das causas frequentemente negligenciadas é a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono, que está diretamente ligada ao aumento da pressão arterial”.
Staniak reforça que a hipertensão costuma se manifestar de forma silenciosa. “A pressão alta lesa os vasos sanguíneos e está diretamente associada a infarto, AVC e doença renal crônica. Por isso, é essencial fazer o diagnóstico precoce e manter o controle da pressão”, afirma. O médico recomenda que pacientes realizem consultas de rotina com a atenção primária, onde é possível realizar o rastreio por meio da medição padronizada no consultório. Também é possível fazer esse acompanhamento em casa. “Três medições pela manhã e três à noite, durante cinco dias consecutivos, ajudam a identificar a doença. Se a média ultrapassar 135 por 85 mmHg, o diagnóstico é de hipertensão e a pessoa deve procurar um cardiologista”, detalha.
Ele ainda faz um alerta importante: “Como a hipertensão tem forte componente genético, quem tem histórico familiar deve fazer esse rastreio com mais frequência, especialmente após os 30 anos”.
Por fim, o professor destaca a importância da formação de novos profissionais da área. “A cardiologia é uma especialidade fascinante, em constante evolução. Exige estudo e atualização contínuos, mas proporciona uma atuação ampla e gratificante”, avalia. “É uma área que permite acompanhar o paciente desde a prevenção até os atendimentos de emergência. Trabalhamos com exames diagnósticos, intervenções, terapias clínicas e tecnologias como marcapassos e desfibriladores. É uma profissão exigente, mas extremamente recompensadora”.