ABC - quarta-feira , 23 de abril de 2025

Médico alerta sobre as doenças que mais acometem mulheres

O Dia Internacional da Mulher, celebrado neste sábado (08/03), é um momento oportuno para refletir sobre os desafios enfrentados pelas mulheres, e a saúde está entre as principais preocupações. Doenças como endometriose, câncer de colo de útero, câncer de mama e complicações da gravidez tardia são algumas das que mais afetam as mulheres e exigem cuidados específicos.

Em entrevista ao RDtv, o ginecologista obstetra Sérgio Makabe, diretor do curso de Medicina da USCS (Universidade de São Caetano), destaca os principais avanços na medicina e alerta sobre a importância da prevenção, diagnóstico precoce e tratamentos adequados. Uma das principais doenças que mais preocupa as mulheres segundo o especialista é a endometriose, especialmente para quem deseja engravidar. De acordo com Makabe, a endometriose é caracterizada pelo crescimento de células endometriais fora do útero, e causa cólicas menstruais intensas, e em alguns casos, infertilidade. “Cerca de 10% das mulheres têm células endometriais que não são destruídas durante a menstruação e formam focos de endometriose”, explica. A doença é descoberta quando a mulher tenta engravidar e enfrenta dificuldades.

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(Foto: Reprodução/RDtv)

Makabe alerta que o tratamento envolve o uso de medicamentos, como progesterona, e, em casos mais graves, procedimentos de fertilização in vitro podem ser necessários. Mesmo que a endometriose não esteja diretamente ligada ao câncer, é importante que mulheres sigam o tratamento indicado para evitar complicações.

Outra comorbidade é o câncer de colo de útero, causado pelo HPV (vírus do papiloma humano) e transmitido por relações sexuais desprotegidas. “O principal fator de prevenção é o uso de preservativos e a realização de exames periódicos, como o Papanicolau, que detecta alterações precoces”, afirma o médico. A vacina contra o HPV, especialmente a vacina nona valente, que cobre nove tipos do vírus, é uma arma poderosa na prevenção desse tipo de câncer.

Makabe explica que a infecção pelo HPV nem sempre leva ao câncer, pois a maioria das infecções é transitória. No entanto, a infecção persistente aumenta o risco de desenvolver câncer cervical. “A vacinação se mostra altamente eficaz e capaz de eliminar o risco de câncer de colo de útero, especialmente entre as mulheres jovens”, diz.

Além do câncer de colo de útero existe o de mama, o tipo mais comum entre as mulheres. Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), a mamografia é o exame mais eficaz para detectar alterações precoces. “A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda a mamografia a partir dos 40 anos, e em mulheres com histórico familiar de câncer de mama, o rastreamento deve começar antes”, orienta Makabe.

A mamografia é fundamental para identificar microcalcificações, um dos primeiros sinais de câncer de mama que não são palpáveis. A detecção precoce pode evitar que a doença evolua para estágios mais avançados. Além disso, o especialista destaca a importância do autoexame, embora o exame clínico e a mamografia sejam essenciais para a prevenção.

Reposição hormonal e gravidez tardia

Muitas mulheres recorrem à reposição hormonal na menopausa, mas Makabe alerta para os riscos do uso inadequado. “O uso indiscriminado de hormônios estimula a proliferação do endométrio e aumenta o risco de câncer de endométrio”, adverte. O especialista enfatiza que a reposição hormonal deve ser prescrita e monitorada por um médico, para garantir que os benefícios superem os riscos. Embora a reposição hormonal promova bem-estar, não é indicada para todas as mulheres.

Outro fator de alerta que chama atenção dos especialistas tem relação com o aumento de mulheres com gravidez tardia. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), houve aumento de 63% no número de gestantes na faixa etária entre 35 e 39 anos na última década.

Makabe aponta que, apesar dos avanços na medicina, a gravidez após os 35 anos traz maiores riscos, como síndrome de Down, diabetes gestacional e pré-eclâmpsia. “A mulher nasce com um número limitado de óvulos e à medida que envelhece esses óvulos também envelhecem e aumenta o risco de malformações”, explica.

Além disso, mulheres acima de 40 anos têm maior risco de abortos espontâneos, já que os óvulos fecundados podem não se desenvolver adequadamente. Para garantir uma gestação saudável, Makabe aconselha que as mulheres que engravidam mais tarde sigam um acompanhamento médico rigoroso, adotem uma alimentação saudável, pratiquem atividades físicas e monitorem sua saúde com exames periódicos.

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