Em 2024, ao menos 5,9 mil homens de São Bernardo, São Caetano, Rio Grande da Serra e Diadema foram diagnosticados com câncer de próstata, conforme dados das prefeituras. Apesar de continuar entre as doenças mais prevalentes entre homens, o número de casos apresentou leve queda em relação a 2023, quando foram registrados cerca de 6,1 mil diagnósticos.
A redução reflete os esforços para diagnóstico precoce e conscientização, mas especialistas alertam para a necessidade de manter o foco na prevenção, especialmente durante o Novembro Azul, mês dedicado à conscientização sobre a doença. “Sugere-se que homens a partir dos 50 anos devem fazer exames anuais no que se refere ao rastreamento para o câncer de próstata, exceção feita aos grupos de risco que devem iniciar aos 45 anos (aqueles com histórico familiar paterno de câncer próstata e homens negros)”, orienta Fábio José Nascimento, urologista do Hospital Brasil, da Rede D’Or.
De acordo com o especialista, o câncer de próstata não apresenta sintomas específicos, o que torna fundamental a realização dos exames periódicos, independentemente da presença de sinais clínicos. “Quando detectado precocemente, a doença tem altíssimas taxas de cura, variando de 90% a 95%. Quanto mais cedo o câncer de próstata for identificado, maior será a chance de sucesso no tratamento”, explica Nascimento.
Casos
Dentre as cidades da região, São Bernardo está na liderança do número de casos confirmados da doença. Para se ter ideia, no ano passado, 6.184 homens iniciaram tratamento para câncer de próstata, enquanto este ano o número caiu ligeiramente para 5.903. Na sequência está São Caetano que registrou 41 casos em 2024, sendo 29 com indicação para cirurgia, e 42 casos no ano passado, com 30 que exigiram intervenção cirúrgica.
Em Rio Grande da Serra, os diagnósticos permanecem baixos e estáveis, com dois casos confirmados tanto em 2023 quanto em 2024. Por sua vez, Diadema registrou queda no número de casos: 25 em 2024, contra 40 no ano passado. Já em Santo André, os dados de diagnóstico ainda não foram divulgados, mas a cidade anunciou que irá intensificar a realização de exames e as campanhas de conscientização durante o mês de novembro, mês de conscientização do câncer de próstata.
Ribeirão Pires e Mauá não responderam aos questionamentos até o fechamento desta reportagem.
Estimativa
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) informa que o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Para o triênio 2023-2025, as previsões são de 71.730 novos casos no país. Apesar da doença não ser notificada obrigatoriamente, as estatísticas revelam que, em 2022, 16.429 homens morreram devido a complicações do câncer de próstata, conforme dados do Atlas de Mortalidade.
A história de Antonio Ferrer, morador do bairro Baeta Neves, em São Bernardo, ilustra a importância do diagnóstico precoce. Ele faleceu em 2022 vítima de câncer de próstata, após passar dois anos sem realizar exames de rastreamento devido à pandemia de Covid-19. Em entrevista ao RD, sua filha, Bárbara Peixoto Ferrer, conta que, embora seu pai sempre tivesse feito exames anuais por conta do histórico familiar de câncer, chegou a interromper os exames entre 2020 e 2021, sem que a família soubesse.
Foi em 2022, quando começou a apresentar os primeiros sintomas, que a família desconfiou que poderia ser algo grave. “Ele (Antonio) começou a ter dificuldade para urinar e sentia dores na região pélvica, que começaram a atrapalhar até o sono. No começo pensamos que fosse algo simples, como infecção urinária, mas depois descobrimos que eram sintomas do câncer”, lembra Bárbara. Antonio chegou a ser submetido a tratamentos como radioterapia e imunoterapia, mas morreu sete meses após o diagnóstico.
“Foi um grande susto e um sofrimento muito grande para nossa família, mas só reforçou a importância de não interromper os exames anuais”, destaca a filha.
Desafios no Tratamento
O urologista aponta que, apesar dos avanços na detecção precoce, o maior desafio atualmente é garantir que todos os pacientes, especialmente os atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tenham acesso às mesmas tecnologias, medicamentos e rapidez no tratamento que os pacientes da medicina privada. “O principal desafio no tratamento do câncer de próstata é proporcionar aos pacientes do SUS os mesmos recursos tecnológicos, medicamentos e agilidade que conseguimos oferecer na medicina privada”, afirma o urologista.
Ainda sim, o médico chama atenção para a importância da realização de exames periódicos, especialmente no Novembro Azul, que conscientiza a população e estimula para a realização de exames de rotina. Durante o mês, as prefeituras ampliam a oferta de exames e consultas para detecção precoce do câncer, além de incentivar a busca ativas de pacientes através de palestras e orientações sobre as principais doenças que mais acometem o público masculino, que incluem ainda: a diabetes, hipertensão, obesidade, entre outras.