ABC - sábado , 12 de outubro de 2024

Carteiros mantém greve, mas ECT leva nova proposta à Justiça do Trabalho

Assembleia dos carteiros realizada na segunda-feira (19/08). Nova assembleia está prevista para esta quinta-feira (22/08) para apresentar nova proposta da ECT. (Foto: Divulgação)

Os carteiros entraram nesta quarta-feira (2/08) no 14° dia de greve que está mantida pelo menos até nova assembleia da categoria prevista para esta quinta-feira (22/08). No ABC são cerca de mil carteiros e, segundo cálculos do Sintect (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo) cerca de 75% deles, ou seja, aproximadamente 750 trabalhadores, estão de braços cruzados. Não se sabe quantas encomendas e correspondências estão acumuladas nos centros de distribuição, mas estão abarrotados, segundo avaliação do sindicato.

Nesta quarta-feira aconteceu uma audiência no TST (Tribunal Superior do Trabalho) para uma tentativa de conciliação e a ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) apresentou uma proposta que vai ser apresentada para a categoria.

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Segundo o diretor de comunicação do Sintect, Douglas Melo, a pauta prioritária do movimento grevista é a redução do custeio do plano de saúde, que é calculado sobre o salário bruto dos trabalhadores. “Cerca de 20 mil trabalhadores abandonaram o plano de saúde da empresa, isso segundo cálculos dos Correios, e no ano passado 20% dos trabalhadores estiveram afastados do serviço por algum problema de saúde, então esses questão é muito importante para a categoria. O carteiro anda muito e as condições de trabalho o fazem adoecer. Um estudo mostro que o percurso que um carteiro realiza ao longo de 30 anos daria para dar a volta ao mundo, isso custa muito para a sua saúde, para a coluna, os joelhos”, aponta o diretor.

Segundo Melo outra das questões também muito importantes que são debatidas com a empresa é a segurança. Carteiros, sejam os que fazem entregas à pé, ou aqueles que atuam em vans ou motocicletas são frequentemente assaltados. “Essa é uma questão tão importante, mas a empresa não tem sido sensível a ela, não considera o trauma então a proposta é isentar do pagamento do plano de saúde no mês em que o trabalhador sofreu um assalto”, diz o diretor sindical. Na questão econômica os Correios, tentaram levar o reajuste, previsto para agosto, quando é a data base da categoria, para janeiro. “São várias questões e é por isso que o movimento está muito forte, mesmo após 14 dias de paralisação. Na segunda-feira (19/08) fizemos uma assembleia que tinha mais de cinco mil trabalhadores, nós temos agências que estão 100% paradas”, completa.

À Justiça do Trabalho a ECT alegou que a empresa encontra-se em déficit financeiro e que realizou 15 reuniões com representantes da categoria. Alegou ainda que a greve trouxe prejuízos à sua credibilidade. Procurada pela reportagem a ECT não se pronunciou até o fechamento desta matéria. Não se tem ainda uma ideia de quantas correspondências e encomendas deixaram de ser entregues nestes 14 dias de paralisação.

Da mesa de negociação, conduzida pelo vice-presidente do TST, desembargador Aloysio Corrêa da Veiga, participaram sindicatos de vários estados e a Federação Interestadual dos trabalhadores do setor. Veiga citou a necessidade de suspensão do movimento paredista, por se tratar de um serviço essencial e pressionou os Correios por uma nova proposta. Inicialmente a empresa pública pediu 90 dias, depois aceitou reduzir o prazo para 45 dias. Após uma negociação que levou praticamente a tarde inteira, se chegou a uma nova proposta.

A proposta da empresa inclui o pagamento integral dos dias parados se a greve for encerrada, com compensação dos dias parados pelos funcionários até a normalização das correspondências acumuladas nas agências; a antecipação do auxílio “Vale-Perú” de R$ 1 mil, mais R$ 1,5 mil pagos em janeiro; assinatura do acordo coletivo de trabalho e a criação de um plano de trabalho estudar a questão do plano de saúde, que deverá apresentar uma proposta dentro de 60 dias.

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