Estudos mostram que a lâmpada de LED tem duração 25 vezes superior e é 80% mais econômica do que a versão incandescente comum, o que resulta em menos substituições ao longo do tempo e, consequentemente, economia nos gastos. Tendo em vista sua eficiência energética, o poder público tem implementado cada vez mais lâmpadas LED nas vias públicas, no entanto, não são todos que aceitam a nova versão.
Em Ribeirão Pires, a Prefeitura instalou pelo menos 20 cordas (varais) de iluminação LED na avenida Fortuna, no Centro, onde teoricamente começa o Boulevard Gastronômico. No entanto, os moradores da região reclamam do excesso de claridade e do incômodo gerado aos cães que vivem nas garagens e quintais das residências. “Meu cachorro nunca sabe quando é dia ou noite por causa da claridade. Ele late a madrugada toda junto com os cachorros dos vizinhos por conta da claridade”, reclama uma moradora que prefere não ser identificada.
Ainda de acordo com a reclamante, apesar de a avenida Fortuna ser “vendida” como o pontapé do Boulevard Gastronômico da Estância, não há muitos estabelecimentos comerciais abertos à noite, o que não justifica a luz em excesso. “Deixam um monte de lâmpadas acesas, tal qual um shopping, para um ou dois estabelecimentos que ficam abertos na avenida”, acrescenta. Segundo a moradora, a claridade é tanta que até para assistir televisão dentro de casa se torna difícil. “Quem tem janela na sala não tem paz”, diz.
O mesmo acontece no Mirante São José, que ganhou iluminação LED em março deste ano. “Não sei por que não reduzem a quantidade de luzes acesas no período noturno. Deveriam investir em policiamento invés de colocarem tantas luzes. Na semana passada, prenderam dois suspeitos no mirante por uso de drogas”, reclama Silvana Soares Motta, moradora do Jardim Panorama, que cita o caso em que a GCM do município prendeu dois indivíduos que faziam uso de entorpecentes próximo ao Mirante.
Diante do fato, o professor Volney Gouveia, gestor do curso de Ciências Econômicas e gestor adjunto da Escola de Gestão e Negócios da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), defende a implementação da tecnologia como medida ideal para economia representativa, permitindo o financiamento de outros projetos na cidade. “É um movimento sem volta, com uma tecnologia que proporciona muito mais economia. Não faz sentido algum manter o modelo tradicional quando há uma alternativa que pode favorecer o investimento em outros setores”, defende.
Quanto aos transtornos causados aos munícipes, Gouveia frisa que, para a instalação, o ideal seria que, em locais com residências, as prefeituras inicialmente contatassem os moradores, a fim de combinar o ‘útil ao agradável’ para aqueles que possam ser afetados. Aliado ao diálogo, o professor cita a possibilidade de instalar ‘timers’ ou interruptores para garantir a harmonia entre os interesses da cidade e o bem-estar da população. “Não faz sentido a totalidade de lâmpadas estarem acesas, e além do que, hoje em dia temos dispositivos que possibilitam o controle da intensidade de luz”, diz.
Economia de R$ 2 milhões
São Bernardo já finalizou o processo de modernização da iluminação pública municipal com a última etapa do Programa Mais Luz em quatro bairros do Riacho Grande. Implementada em 2017, a tecnologia já atingiu 100% da cidade com mais de 60 mil pontos de luz instalados, um investimento de R$ 20 milhões que, até o momento, proporciona R$ 2 milhões de economia nas contas de energia.
Em Diadema, a Prefeitura está no processo de instalação de 14 mil lâmpadas LED, a fim de finalizar ainda este ano e contabilizar 25 mil pontos de iluminação pública com a nova tecnologia. Com isso, a expectativa é que a administração economize até 50% no consumo. E o diferencial no município é a coleta de dados por sensores, a fim de melhorar o monitoramento e prestação de serviços nos trechos iluminados.
Quem também tem economizado com a tecnologia LED é Santo André, que até o momento chegou a economizar R$ 4,5 milhões com a tecnologia. Para isso, a administração informa ter investido R$ 18,5 milhões e ainda está no processo de instalação de LED em alguns bairros, como Vila Metalúrgica, Utinga, Camilópolis, Parque Novo Oratório, Jardim Santo Alberto, Jardim Ana Maria, Bairro Capuava, Parque Erasmo Assunção, Jardim Rina, Jardim Estela, Bairro Paraíso, Jardim Cristiane, Jardim Oriental, Vila Linda, Vila Lutécia, Vila Suíça, Condomínio Maracanã, Jardim Santo André, Vila Rica, Jardim Irene, entre outros.
Questionadas, as prefeituras de Mauá, São Caetano, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires não responderam até o fechamento da reportagem.