Voltou a campanha Maio Amarelo para chamar a atenção para o alto índice de óbitos e feridos no trânsito e conscientizar motoristas sobre a importância da direção segura. Porém, o que se vê é uma constância nos acidentes, principalmente nos acessos, como avenida dos Estados, rodoanel Mário Covas, rodovias Deputado Antonio Adib Chammas e Índio Tibiriçá, e sistema Anchieta-Imigrantes. No primeiro trimestre de 2024, as vias juntas tiveram 155 acidentes não fatais, aumento de 6% em comparação ao mesmo período do ano passado, com 146. Já entre os acidentes fatais foram 36 vítimas.
Sistema Anchieta-Imigrantes e rodoanel Mário Covas
O Sistema Anchieta-Imigrantes, administrado pela Ecovias, é considerado o mais perigoso da região, ao registrar, pelo menos, 30 casos de acidentes fatais este ano e 46 no ano passado. Também foi registrado 1.378 acidentes entre janeiro e abril de 2023, e 1.488 de maio de 2023 até abril de 2024, aumento de 5% de acidentes.
Na via, existem 12 radares ao longo dos trechos que compreendem as cidades do ABC. Além de campanhas de conscientização para todos os públicos, a Ecovias conta com colaboradores de diferentes áreas técnicas, que se reúnem semanalmente para analisar ocorrências e propor soluções para a redução de acidentes.
Nos trechos que compreendem o ABC, na qual possui cinco radares fixos, em 2023, o Rodoanel Mário Covas registrou 533 acidentes no trecho sob responsabilidade da SPMAR, com oito acidentes fatais. Já em 2024, até o momento, a via contabiliza 195 acidentes, com 2 acidentes fatais. Para inibir o aumento dos casos, a SPMAR realiza campanhas educativas sobre segurança viária, bem como promove a fiscalização com apoio da Polícia Militar Rodoviária.
Avenida dos Estados e rodovia Deputado Antonio Adib Chammas
Segundo levantamento realizado pelo Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), de janeiro a dezembro de 2023, na avenida dos Estados (no trecho de Santo André) ocorreram 411 acidentes (dois fatais), sendo que, no primeiro trimestre de 2024, a via teve 108 acidentes (dois fatais), sete a mais do que o primeiro trimestre do ano anterior.
Em 2023, a SP 122 (rodovia Deputado Antonio Adib Chammas) registrou 17 acidentes e um fatal. O DER (Departamento de Estradas e Rodagem) reforça que, na rodovia Deputado Antônio Adib Chammas (SP 122), há previsão de instalação de dois radares: um no km 40,4 e o outro no km 49. Não houve registro de acidentes na via em 2024.
Rodovia Índio Tibiriçá
Dados do Detran-SP mostram que na Rodovia Índio Tibiriçá (SP 031), ao longo de 2023, ocorreram 196 acidentes, sendo 11 levados a óbito. Já no primeiro trimestre de 2024, foram 43 acidentes com quatro vítimas fatais, e no mesmo período do ano passado foram 42 acidentes e um óbito. Para reforçar a segurança viária, o DER realizou serviços de sinalização horizontal e vertical em toda a extensão da via. Segundo o órgão, serão instalados 14 pontos de radares distribuídos entre o km 35 e km 67,3.
Porém, assim como já apurado pelo RD, o projeto foi engavetado e deixado de lado. Em nota, a instituição diz que no dia 26 de fevereiro, ocorreu a abertura dos envelopes da primeira fase da licitação para aquisição dos radares a serem instalados na malha viária administrada pelo Departamento. O processo encontra-se na fase de análise de preços. A previsão é que os novos radares estejam em operação ainda neste ano.
Apesar disso, a rodovia é frequentemente fonte de novos casos. No fim de abril, ocorreu o atropelamento de um homem de 34 anos na altura do km 42, em Ribeirão Pires. Outro acidente grave, no km 33, com uma Kombi Volkswagen e um carro de passeio, resultou em fatalidades e mobilizou diversas equipes de socorro.
Mudanças para reduzir os números de acidentes
Mas para o professor de Arquitetura e Urbanismo da FSA (Fundação Santo André), Enrique Staschower, radares não são a solução para reduzir o índice de acidentes nas rodovias. “Algumas dessas vias, como a Índio Tibiriçá, foram inauguradas há mais de 50 anos, o que significa que estão desgastadas, ainda mais pelo aumento do tráfego, além de possuírem desenhos ultrapassados para as necessidades viárias atuais que favorecem a indisciplina do motorista”, explica.
Staschower comenta que, em relação aos radares, a penalidade é muito branda e deve ser mais agressiva e punitiva ao motorista, com valores mais altos, por exemplo. “As campanhas de conscientização não são efetivas, tanto que os números de acidentes só crescem. É preciso que essa renda seja convertida em educação no trânsito”, ressalta. Staschower cita a necessidade da implantação de trens-bala a fim de desafogar as rodovias e promover um trânsito com maior fluxo.