ABC - domingo , 19 de maio de 2024

RS submerso: ABC reforça campanhas e quem esteve lá relata desespero

Envio de recursos e pessoal para o Rio Grande do Sul. (Foto: Gabriel Inamine/PMSBC)

A mobilização de todo o país para ajudar os desabrigados no Rio Grande do Sul é grande, no ABC diversas ações foram tomadas, inclusive para envio de viaturas de socorro, equipamentos e pessoal especializado, além de mantimentos e roupas, mas parte desse esforço ainda não chegou onde é necessário. Na maior parte da região os donativos ainda são arrecadados. Santo André foi a única a informar que já enviou remessa. O presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico e da IndustriAll e secretário Geral do Consórcio Intermunicipal do ABC, Aroaldo Silva, que esteve no epicentro da crise, relatou o drama daquele Estado e afirmou ter ficado com o coração tocado ao ver a dimensão do desastre natural.

Silva, que viajou na última semana para dois compromissos com sindicatos gaúchos, em Porto Alegre e São Leopoldo, ficou no meio das enchentes que afetaram todo o Estado, viu aeroporto fechado, estradas, casas e indústrias sob a água barrenta. “Fui quinta-feira (02/05) para duas agendas, fui ver experiências sobre resíduos sólidos e discutir também sobre usina de fertilizantes, além de conhecer fábrica de semicondutores. A gente ia voltar na sexta-feira à noite, foi quando fui surpreendido, já no aeroporto, com o cancelamento de todos os voos, porque a água estava tomando a pista”, relatou o sindicalista.

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Nem a preocupação em elaborar um traçado para sair de Porto Alegre, já que o aeroporto estava fechado, fez Aroaldo Silva, se desligar da tragédia humanitária que já fez perto de 100 vítimas fatais e outros tantos desaparecidos. “A situação é de desespero, acompanhamos alguns abrigos, ficamos à tarde toda de sábado no Sindicato dos Metalúrgicos de Porto Alegre que abriu suas portas para abrigar as pessoas e só aumentando o número de famílias que não paravam de chegar, muita dificuldade e desespero, mas também vimos muita solidariedade. A situação é dificílima pois as pessoas perderam tudo, muitos relataram que estavam se recompondo da enchente do ano passado e agora foi muito acima do que já tinham visto”, relata.

O presidente da Agência do ABC disse que a experiência mexeu até com sua parte psicológica. “Eu nunca tinha passado por experiência similar, nunca tinha visto situação assim tão de perto. É triste e desesperador ver as pessoas sem esperança nenhuma com a devastação total. Toca muito o coração, machuca, e a gente sente o desespero das pessoas, isso é terrível”.

Retorno

Com o aeroporto fechado Aroaldo Silva precisou traçar um roteiro para desviar das enchentes e conseguir sair da capital gaúcha. Ele narra a devastação que encontrou pelo caminho. “Ficamos até tarde no aeroporto, pois estava difícil a saída de lá, os hotéis ao redor estavam todos lotados. Quando a gente conseguiu um Uber, já era tarde. No sábado é que a gente foi perceber o tamanho da catástrofe, mais de metade da cidade estava embaixo d´água, não conseguíamos ir para outras cidades. Quando fomos almoçar na sexta-feira, fomos surpreendidos pela água subindo muito forte foi aí que fiz um vídeo para ajudar na campanha que o Consórcio do ABC está fazendo”.

Donativos da prefeitura de Santo André já embarcaram para o Rio Grande do Sul. (Foto: Divulgação PMSA)

“Estava muito difícil acesso e também como sair de Porto Alegre. Tivemos que sair de carro por trás, passando por Viamão, para chegar na BR. Nas margens da rodovia vimos a fábrica da Coca-Cola, diversos hipermercados, a sede da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul) tudo embaixo de água e já ocupando alguns andares. Fomos de carro até Criciúma e vimos muito volume de água”, completa Silva, que conseguiu pegar um ônibus até Florianópolis, de onde pegou outro ônibus até São Paulo numa viagem que levou cerca de 25 horas. Ele chegou no domingo (05/05) a São Paulo.

Apenas parte dos donativos e recursos já saiu da região

As únicas prefeituras da região que informaram já terem enviado remessa de doações para o Rio Grande do Sul, foram Santo André e São Bernardo. Segundo o paço andreense uma parte dos donativos já seguiu de avião da Força Aérea para o estado devastado pelas enchentes. “Uma primeira leva de donativos foi enviada no sábado. Três caminhões com os baús lotados (250 colchões, 250 lençóis, 1.000 cobertores, kits de limpeza, kits de roupas) saíram de Santo André rumo à base aérea de São Paulo, de onde partiram para o Rio Grande do Sul”, informou a prefeitura, em nota.

Santo André tem cinco pontos de arrecadação de donativos: as quatro Lojas Solidárias (instaladas nos shoppings ABC, Atrium, Grand Plaza e Shoppinho) e na Coop Queirós. As doações – principalmente colchões, cobertores, roupas de banho e roupas de cama, mas também alimentos não perecíveis, água potável e roupas podem ser encaminhadas a estes pontos. No Centro de Resiliência da Defesa Civil, para onde tudo o que é arrecadado nas Lojas Solidárias é encaminhado, é feita a triagem.

Recursos

São Bernardo encaminhou uma força tarefa para o Estado do sul do país nesta segunda-feira (06/05) para o resgate às vitimas da tragédia climática. O grupo conta com 25 profissionais qualificados das áreas da Segurança, Defesa Civil e Saúde, além de 11 equipamentos, como viaturas móveis, embarcações e ambulâncias.

A comitiva é coordenada pelo secretário de Segurança Urbana de São Bernardo, coronel Carlos Alberto dos Santos, e envolve ainda 12 guardas civis municipais, oito profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), sendo um médico, e quatro agentes da Defesa Civil. Além do reforço humano, também foram enviadas duas picapes da Defesa Civil, duas picapes e duas embarcações da Guarda Ambiental, duas ambulâncias e três viaturas da GCM, todos transportados por carretas cedidas pelo Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg).

“Saímos da nossa cidade num gesto de solidariedade para com a população gaúcha, que está sofrendo as graves consequências das fortes chuvas. Não temos data nem horário para retornar para nossas casas e nossas famílias, sabemos que será uma missão árdua, mas nos voluntariamos em cumprimento do nosso dever de cidadãos, representando São Bernardo nessa nobre causa”, ressaltou o secretário de Segurança Urbana de São Bernardo, coronel Carlos Alberto dos Santos.

A comitiva vai percorrer 1.135 quilômetros, entre São Bernardo e Porto Alegre, com estimativa de chegada ao solo gaúcho já nesta quarta-feira. Em outra frente de apoio ao Rio Grande do Sul, a Prefeitura de São Bernardo organizou ponto de arrecadação de doações, por meio do Fundo Social de Solidariedade. Estão sendo aceitos itens de higiene pessoal, produtos de limpeza e água. As doações devem ser feitas no Banco de Alimentos, situado na Avenida Redenção, 271, Centro, das 9h às 17h.

Arrecadação

O município de Rio Grande da Serra, informou que ainda está juntando as doações para encaminhar ao Rio Grande do Sul. As doações de cobertores, roupa de cama, colchões e toalhas podem ser entregues na base da GCM, localizada na rua Mercúrio 156, no Centro.

São Caetano está com três postos de arrecadação. Pontos de arrecadação: Fundo Social de Solidariedade (rua Antônio Bento, 140, Bairro Santa Paula – de segunda a sábado, das 9h às 16h); CRAS Fundação (rua Heloísa Pamplona, 316 – segunda a sexta, das 9h às 16h) e CRAS Nova Gerty (rua Marlene, 452 -segunda a sexta, das 9h às 16h). A cidade não informou se alguma parte dos donativos já foi enviada.

Mauá abriu dos pontos de arrecadação que vão funcionar a partir desta terça-feira (07/05), dois locais para arrecadar donativos que serão encaminhados à população gaúcha, afetada pelas enchentes. Doações podem ser levadas ao CMEC Parque São Vicente (Portão do Ginásio) que fica na rua Laudo Ferreira de Camargo, 183 – Parque São Vicente com horário de funcionamento: das 9h às 12h e das 13h às 16h e à Copafer que fica na avenida Comendador Wolthers, 142 – Capuava, que recebe os donativos de segunda a sábado das 7:30h às 21h e nos domingos e feriados das 8:30h às 19h.

Diadema já lançou na sexta-feira (03/05) uma campanha nesta terça-feira (07/05) vai ampliá-la. “O Fundo Social de Solidariedade de Diadema vai organizar ao longo desta semana uma intensa campanha de arrecadação de donativos para envio ao Rio Grande do Sul. Serão utilizados os próprios públicos como ponto de entrega e tudo será enviado o mais breve possível para os necessitados. Além disso, liderado pela presidenta Inês Maria, o FSS iniciou na sexta-feira passada, 3/5, a divulgação da Campanha de Doação (via Banrisul), por meio de PIX, para desabrigados do Rio Grande do Sul: “PIX SOS Rio Grande do Sul”, chave: CNPJ 92.958.800/0001-38.

Ribeirão Pires não informou.

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