Em meio às crescentes tensões geopolíticas no Oriente Médio, seja o conflito entre Hamas e Israel ou o embate entre Irã e Israel, intensificado após os últimos ataques de 12 de abril, um debate surge no mundo todo: a possibilidade de uma 3ª Guerra Mundial. Em entrevista ao RDtv, o professor e gestor do curso Relações Internacionais da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), Vinicius Domingues Nunes, explica que o surgimento deste conflito global só pode ser causado por confrontos diretos entre as maiores potências nucleares do mundo, como Estados Unidos e Rússia.
O professor destaca que apesar dos conflitos no Oriente Médio serem preocupantes, já que Israel e Irã possuem apoio das grandes potências, a possibilidade de uma nova guerra mundial é quase nula. “Os Estados Unidos, a Rússia, a China e a Coréia do Norte tem consciência de que as armas nucleares que eles possuem podem destruir o mundo inteiro e, justamente por isso, elas não são utilizadas nestes conflitos que estamos vendo nos últimos meses. Desde a criação das armas nucleares, as guerras tem uma tendência de acontecer entre países que não são potências, já que todas elas evitam se enfrentar diretamente por entenderem as consequências de um combate nuclear”, diz.
Irã x Israel
Após 40 anos de ataques mais “sorrateiros”, o Irã realizou ataques diretos contra o território de Israel no último sábado (13/4), onde foram lançados mais de 350 drones e mísseis contra o território israelense. O Irã lançou seu ataque sem precedentes em resposta a um suposto ataque israelense ao consulado iraniano em Damasco, na Síria, em 01/04, ocasião em que foram mortos ao menos sete funcionários.
“No Oriente Médio, não se pode deixar algo sem resposta já que isso seria sinal de fraqueza na percepção deles. O Irã já passa por um momento de fragilidade interna com as revoltas femininas que acontecem dentro do país sobre a lei do hijab e, por conta disso, o ataque de Israel ao consulado precisava de uma resposta um pouco mais séria”, comenta o professor.
Ao ser questionado sobre o papel que o Brasil pode desempenhar neste conflito entre Irã e Israel, Nunes acredita qualquer posicionamento do presidente Lula seja a favor de um ou de outro, aquele que ele for contrário irá se revoltar e causar atritos. “Os países que devem se posicionar para evitar que esse confronto escale para algo mais grave, são aqueles que estão mais próximos dos envolvidos, como Estados Unidos e Rússia. O Brasil é um país muito diplomático e, esse tipo de país tem um papel mais importantes em órgãos multilaterais e não em conflitos como esse”, finaliza.