Com os constantes avanços na ciência e na medicina, o diagnostico de transtorno de espectro autista se tornou mais rigoroso, sendo necessário avaliar todos os sintomas e não apenas um em particular e a avaliação de uma série de especialistas. Em consequência a essas mudanças, o número de pessoas diagnosticadas com autismo teve crescimento significativo no Brasil, assim como o número de pessoas com resultados “falsos positivos”.
Em entrevista ao RDtv, o neurologista da infância e adolescência e regente da disciplina de Neurologia Infantil da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Rubens Wajnsztejn, explica que o crescimento de conversas voltadas para o autismo e os transtornos mentais trouxe uma consciência maior sobre a importância do diagnóstico do transtorno de espectro autista (TEA), mas é necessário que a avaliação dos sintomas seja feita de maneira correta.
O recomendado, diz o médico, é realizar a avaliação em diversas áreas para se ter um diagnóstico correto e preciso, mas na realidade no Brasil isso não é tão simples. “Pessoas de classes mais baixas não conseguem, muitas vezes, ter essa oportunidade de ter visões de diferentes especialistas e conseguir o resultado correto e, o meu conselho é ao menos tentar contato com no mínimo dois profissionais capacitados e de áreas distintas para garantir que não seja um falso positivo”, reforça.
Wajnsztejn acrescenta que para diagnosticar uma pessoa, seja ela criança, jovem ou adulto, é necessário analisar os fatores genéticos e epigenéticos do paciente. “Em muitos casos, o estilo de vida da mãe antes e durante a gravidez pode sim impactar o bebê e acabar gerando um quadro de autismo, seja uma dieta com alimentos com muitos conservantes ou até a exposição à poluentes, podem desencadear mudanças epigenéticas que são capazes de se manifestar com a expressão de genes relacionados ao autismo”, diz o neurologista.

Importância dos cuidados nas escolas
Também ao RDtv, a psicóloga, neuropsicóloga, psicopedagoga e coordenadora do Núcleo Especializado em Aprendizagem (NEA), da FMABC, Alessandra Bernardes Caturani, afirma que a escola é uma território de extrema importância para falar sobre a diferença nos marcos do desenvolvimento de uma criança. “A pessoa com autismo tem o direito de possuir uma acompanhante terapêutico ou um acompanhante especializado, em especial aqueles de nível 2 e 3, que precisam de um mediador para se adaptarem as mudanças que podem ocorrer dentro do ambiente escolar”, enfatiza.
Alessandra comenta ainda que os sinais do transtorno podem começar a ser notados a partir do primeiro ano de vida, mas eles podem se manifestar em qualquer idade. “Em algumas situações, a entrada em uma escola faz com que as demandas sociais de uma criança crescem e, consequentemente, aparecem alguns sinais do autismo. Por isso, é importante que as escolas estejam atentas e capacitadas para identificar esses sinais e ajudar os pais e responsáveis durante o processo do diagnóstico e, caso seja diagnosticado do TEA, a escola precisa estar preparada para atender essa criança da melhor maneira”, finaliza.