Dólar fecha praticamente estável após PCE, mas sobe 0,72% em fevereiro

Após trocas de sinal e oscilações bem contidas ao longo da tarde, o dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 29, cotado a R$ 4,9725 (+0,05%) no mercado doméstico de câmbio. Pela manhã, operou em alta firme, na contramão da tendência de baixa da moeda americana frente a divisas emergentes. Com a disputa pela formação da última Ptax de fevereiro, a taxa de câmbio se aproximou do nível psicológico de R$ 5,00, com máxima a R$ 4,9980.

Indicador mais aguardado da semana, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) e seu núcleo vieram dentro do esperado em janeiro. Na comparação anual, houve leve desaceleração, de 2,6% em dezembro para 2,4% no mês passado, também de acordo com as estimativas. A leitura do PCE não mexeu com a expectativa de que o Federal Reserve vai esperar até junho para começar a cortar os juros – uma aposta que se cristalizou em fevereiro com a safra de indicadores de atividade e inflação nos EUA.

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O rearranjo das expectativas ao longo de fevereiro para próximos passos do Fed levou a um fortalecimento global da moeda americana que respingou no real. O dólar à vista fechou o mês com valorização de 0,72%, acima da exibida pelo índice DXY, que mede o desempenho da divisa frente a pares, em especial o euro.

A moeda brasileira também sofreu com a saída de recursos externos ao longo de fevereiro. À tarde, o Banco Central informou que o fluxo cambial total no mês (até dia 23) está negativo em US$ 2,317 bilhões, graças a saídas líquidas de US$ 4,231 bilhões pelo canal financeiro. No ano, o saldo cambial total ainda é positivo US$ 2,886 bilhões, em razão da entrada líquida de US$ 6,543 bilhões via comércio exterior.

“O principal ‘driver’ do mercado tem sido o exterior, com a incerteza sobre a política monetária americana direcionando os ativos global. O PCE hoje veio alto, mas já esperado”, afirma o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, ressaltando que as questões domésticas não têm feito preço no câmbio.

Lima atribui a alta do dólar neste início do ano, da casa de R$ 4,80 para mais de R$ 4,90, ao um realinhamento de preços de ativos após indicadores de atividade e inflação nos EUA “não confirmarem” a euforia do mercado em torno de um corte inicial de juros pelo Fed já neste primeiro trimestre.

Apesar de fechar fevereiro com ganhos, o dólar tem oscilado entre margens bem estreitas nas últimas semanas, com oscilações inferiores a quatro centavos de real entre mínima e máxima, o que revela falta de convicção para apostas mais contundentes. Além disso, a taxa de câmbio tem respeito o nível psicológico no R$ 5,00 no fechamento.

Lima destaca que, apesar da incerteza sobre o início e o processo de corte de juros nos EUA, a visão predominante ainda é de que haverá redução da taxa de juros pelo Fed neste ano. Esse quadro contribui para manter a taxa de câmbio comportada, embora ainda acima de R$ 4,90. “Se ficar mais claro o que o Fed vai fazer, com corte mesmo no primeiro semestre, podemos ter uma dinâmica mais favorável para os mercados, que vai se refletir na moeda”, afirma.

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