Apesar de desconforto com inflação nos EUA, dólar fecha praticamente estável

Em pregão morno e de liquidez moderada, o dólar à vista encerrou cotado a R$ 4,9671, em baixa de 0,03%. Como nas sessões anteriores, as oscilações foram bem contidas, com variação de pouco menos de três centavos entre mínima a (R$ 4,9598) e a máxima (R$ 4,9892). Segundo operadores, após ultrapassar a casa de R$ 4,95 nas últimas semanas, acompanhando o fortalecimento da moeda americana no exterior, o dólar passou, segundo o jargão do mercado, a “andar de lado”.

Pela manhã, a divisa até esboçou uma alta mais firme na esteira do avanço das taxas dos Treasuries e dos ganhos globais do dólar. Após a surpresa negativa com a inflação ao consumidor na terça-feira, 13, leitura acima da esperada da inflação americana ao atacado divulgada hoje lançou novas dúvidas em relação ao início e à magnitude de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) neste ano.

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Já no começo da tarde, o índice DXY – que mede o comportamento do dólar em relação a seis divisas fortes – perdia fôlego e operava em ligeira queda, na casa dos 104,200 pontos, após tocar 104,672 pontos na máxima. A moeda americana também recuava na comparação com a maioria das divisas emergentes e de exportadores de commodities em dia de alta do minério de ferro e das cotações do petróleo.

A alta das commodities, que ajudou o Ibovespa a renovar máximas à tarde, quando tocou os 129 mil pontos, também contribuiu para que o dólar encerrasse o dia com sinal negativo. Na semana, a divisa registrou leve alta (0,12%) semanal, o que levou a valorização acumulada em fevereiro para 0,60%. No ano, o dólar apresenta ganhos de 2,34% ante o real. Os dois principais pares latino-americanos da moeda brasileira, os pesos mexicano e colombiano, sofrem menos, com baixa inferior a 1% frente ao dólar. Já o peso chileno, cujo Banco Central se mostra mais incisivo no corte de juros, amarga queda superior a 10% em 2024.

“O mercado está neste morde e assopra diário, mas com um viés mais comprador. A inflação americana assustou e a tendência é de dólar ainda forte no exterior. Aqui, quando a taxa de câmbio se aproxima de R$ 5,00, grandes ‘players’ que formaram posição comprada lá atrás acabam vendendo para pôr lucro no bolso”, afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.

Divulgado pela manhã, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) subiu 0,3% em janeiro, acima do esperado (0,1%). O núcleo também desagradou, com alta de 0,5%, enquanto a expectativa era de 0,3%.

À tarde, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que ainda trabalha com a perspectiva de que o primeiro corte de juros básicos nos EUA ocorra no verão americano, entre junho e setembro. Em entrevista à CNBC, o dirigente disse esperar duas reduções da taxa básica até dezembro, mas não descartou a possibilidade de antecipar o relaxamento e de optar por promover três baixas na taxa básica até o fim de 2024.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, mantém, por ora, estimativa de “piso informal” da taxa de câmbio em R$ 4,72 no “curtíssimo prazo”, mas ressalta que o adiamento do início de corte de juros nos EUA e a deterioração do fluxo cambial dão certa rigidez ao dólar, que se mantém acima de R$ 4,95. Dados da B3 mostram que no ano, até o dia 14, o saldo dos investidores estrangeiros na bolsa doméstica está negativo em US$ 14,023 bilhões. “O fluxo cambial ainda não ajuda e o diferencial de juros também é prejudicado pelo prolongamento da taxa dos Fed Funds no nível atual por mais tempo”, afirma Velho.

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