A cobertura vacinal da bivalente (contra a covid-19) está abaixo do esperado, e um dos principais motivos é a desinformação que tem afastado as pessoas dos postos de saúde. Para se ter ideia, menos de 20% da população elegível recebeu a vacina no País, e por isso, o Governo do Estado acaba de anunciar a nova fase de vacinação.
Ao RD, o infectologista pediátrico e coordenador médico do CME (Centro Médico de Especialidades) de Santo André, Marcus Martuchelli, explica que apesar da covid-19 voltar a preocupar a população, o novo imunizante se tornou foco dos grupos de desinformação, o que atrapalha a cobertura vacinal. “Muitos não confiam no poder dessas vacinas e essas fake news só pioram a questão da cobertura vacinal”, diz.
Para se ter ideia, entre setembro e outubro deste ano, foram quase 18 mil novas notificações de coronavírus no ABC, número que corresponde ao total de testes, com casos confirmados, suspeitos e descartados nas redes de saúde dos municípios.
Nos municípios do ABC, a taxa de adesão da vacina bivalente não passa de 35%. Em São Bernardo, por exemplo, cerca de 440 mil habitantes não se vacinaram com a primeira dose. Apenas 209 mil pessoas foram vacinadas, o equivalente a 32% da população. Já em São Caetano, os números são um poucos melhores, mas nada muito animador: cerca de 46 mil munícipes foram vacinados, o que equivale a 34% da população e quase 88 mil não vacinados.
Na cidade de Santo André, quase 190 mil habitantes receberam a primeira dose da bivalente, porém outros 364 mil ficaram de fora. Em Ribeirão Pires, apenas 24 mil doses foram aplicadas, o que corresponde a 20% da população. As demais cidades não responderam.
Martuchelli analisa que diante dos números, o vírus da covid-19 se manterá vivo entre a população, mas será uma doença sazonal – que aparecerá com frequência -, principalmente em períodos de aglomeração e festas, a exemplo do Natal e Ano Novo. “O vírus está em constante mutação, e a vacina ajuda, principalmente, na prevenção contra essas futuras mutações. Por isso a importância de sempre se vacinar”, afirma.
Por recomendação do Ministério da Saúde, a segunda dose de reforço já está disponível para pessoas com 60 anos ou mais que tenham recebido a última dose da vacina bivalente há mais de 6 meses e Imunocomprometidos acima de 12 anos, que tenham recebido a última dose da vacina bivalente há mais de 6 meses. Todas as vacinas estão sendo distribuídas nas unidades básicas de saúde (UBS).