Atacarejos avançam no ABC e economista aponta para concentração do setor

Atacarejos em expansão no ABC. Loja do Max Atacadista é a próxima a ser inaugurada na região. (Foto: Reprodução)

Para o economista e gestor do curso de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Volney Gouveia, a concentração do segmento de atacarejo nas mãos de poucos grupos pode anular a vantagem que o consumidor teria de comprar produtos a preços mais interessantes neste tipo de estabelecimento. Não há números oficiais sobre quantos estabelecimentos como esse há no ABC, mas um levantamento feito pelo RD junto aos sites das principais lojas deste ramo, mostra que há pelo menos 37 mega lojas onde se vendem produtos no atacado e varejo.

A rede com maior número de lojas na região é o Atacadão, com 13 unidades e presente em seis das sete cidades. O Assaí tem oito lojas e também só não tem unidade em Rio Grande da Serra. O atacadista Vencedor, tem seis lojas, sendo quatro em São Bernardo, uma em Santo André e outra em Diadema. O Spani tem duas lojas em Mauá e outra em Diadema, o Roldão tem quatro atacarmos na região e o Tenda tem uma. O Max Atacadista assumiu as antigas lojas Makro, na Anchieta, em São Bernardo, e na avenida do Estado, em Santo André, esta última tem data marcada para a inauguração, que será nesta quarta-feira (29/11). O investimento nesta unidade foi de R$ 50 milhões e só essa loja deve gerar 400 empregos diretos e indiretos.

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O crescimento deste tipo de segmento é tão vertiginoso, que há exemplos de locais em que basta atravessar a rua, para sair de um atacadista e entrar em outro, caso da avenida Piraporinha, no bairro Planalto, em São Bernardo, onde ficam frente à frente Atacadão e Assaí. No bairro Serraria, em Diadema, uma nova loja do Atacadão foi inaugurada este ano, bem em frente a um atacadista Spani. As próprias lojas Max, substituem o Makro, rede que por anos foi a única a vender tanto no atacado como no varejo. Essa rede que desembarca na região é do grupo Muffato que já é quarto lugar no ranking dos atacarejos.

Os atacarejos também são conhecidos como chash & carry. A ABAAS (Associação Brasileira dos Atacarejos) divulga o ranking das maiores deste segmento. A lista deste ano mostra que os principais players deste mercado já estão presentes no ABC. O Max Atacadista, que comprou as 16 lojas Makro, é quarto lugar no ranking que é liderado por Atacadão e Assaí. Só as 20 maiores empresas do segmento, que figuram no ranking movimentaram em 2022 R$ 239 bilhões. A ABAAS não informou os números do setor no ABC. Veja a seguir a lista dos maiores do setor feita com base nos números do ano passado:

1º Atacadão – R$ 74.473.000.000

2º Assaí – R$ 59.700.000.000

3º Mix Mateus – R$ 12.500.000.000

4º Muffato – R$ 12.044.330.267

5º Grupo Pereira – R$ 11.223.995.000

6º Cencosud – R$ 11.115.723.771

7º Mart Minas – R$ 8.322.471.834

8º Tenda – R$ 6.544.522.000

9º Grupo Koch (Komprão) – R$ 6.429.000.000

10º Costa Atacado – R$ 6.017.389.542

11º Atacadão Dia a Dia – R$ 4.477.188.933

12º Spani Atacadista – R$ 3.818.830.120

13º Bahamas – R$ 3.760.601.756

14º Apoio Mineiro – R$ 3.629.911.893

15º Comercial Esperança – R$ 3.343.614.977

16º Novo Atacarejo – R$ 3.110.000.000

17º Makro – R$ 3.047.000.000

18º Villefort Mais Barato Todo Dia – R$ 2.671.600.000

19º Super Adega – R$ 2.234.491.425

20º Akki Atacadista – R$ 1.012.323.915

Apesar do crescimento, o economista da USCS diz que ainda há espaço para esse segmento crescer. Apreciador do modelo de venda no atacado que, a seu ver proporciona economia para o consumidor, que pode comprar em quantidades maiores e pagar menos, Volney Gouveia diz que, no entanto, os órgãos de controle devem ficar atentos. “O Grupo Pão de Açúcar transformou o hipermercado Extra em Assaí e o avanço do Atacadão é um movimento importante. Eu acho que ainda é cedo para dizer que o espaço está acabando para a expansão dos atacarejos, porque ainda tem espaço para crescer, mas acho que se deveria garantir um certo grau de competição”, afirma.

O professor de economia considera que a concentração do volume maior de vendas em só algumas redes pode ser prejudicial para o consumidor. “O problema é o poder de mercado destes grupos em detrimento do direito do consumidor. Mais atacarejos deveriam ser melhor para o consumidor, mas não é o que estou observando, essa expansão caminha para a consolidação dos grupos maiores e isso pode tirar as vantagens que o atacado pode oferecer. Por isso eu acho que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) deveria ficar atento a isso”, afirma.

A geração de empregos no setor, com as mega lojas atacadistas é significativa, porém o setor paga menos do que a indústria, por exemplo. Para Gouveia, não é a estagnação da indústria que faz o setor de serviços crescer, mas ele tem ocupado o espaço deixado pelas indústrias. “O setor de serviços ocupa espaço pela falta de protagonismo da indústria. É preciso que o ABC faça a transição do setor automotivo para os setores de tecnologia mais refinada, como o de semicondutores, de produtos da área médica e aeronáutica, assim poderá gerar mais empregos e com salários maiores”, diz.

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