Black Friday deixou de surtir efeito, apontam especialistas

O que nos Estados Unidos é apenas a última sexta-feira de novembro, no Brasil é um período que dura todo o 11º mês do ano. A Black Friday segue chamando a atenção do comércio para uma venda com preços mais baixos, mas o formato adotado em terras brasileiras não necessariamente agrada a todos. O RD Momento Econômico – Debate, desta sexta-feira (24/11), debateu a data, considerada uma das mais importantes do ano para o comércio.

Importada há mais de 10 anos, a Black Friday começou com uma estratégia do comércio eletrônico, porém, acabou chegando às lojas físicas. Além dessa mudança, o período saiu de 24 horas para 30 dias de ofertas. Porém, pesquisas apontam que o prolongamento das promoções não resulta necessariamente em interesses dos clientes.

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Segundo dados da Neotrust, o faturamento do e-commerce na primeira quinzena de novembro foi 6,7% menor do que o do mesmo período de 2022. O mesmo levantamento aponta uma queda de 13,5% no número de pedidos realizados no mesmo período.

RD Momento Econômico apontaram os principais desafios para a Black Friday (Foto: Reprodução/RDtv)

“Esse movimento de Black Friday, como os outros movimentos de datas típicas de compras, não estão surtindo o mesmo efeito de anos atrás pela proliferação. Os especialistas falam que a Black Friday no Brasil decorre de um problema sistemático da nossa rede de internet. E para que não tenha falhas de internet, falhas de conexão ou de logística, os lojistas preferem fazer a Black November, deixando o mês inteiro para essas compras”, aponta o presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de São Caetano, Alexandre Damásio.

“Na verdade, a estratégia de você ter um período ampliado de promoções tem um objetivo, tentar trazer uma conveniência maior e um tempo maior de escolha do que apenas um único dia. A gente importa esse movimento dos Estados Unidos e fazermos as nossas adaptações para as características do mercado brasileiro”, segue Sandro Maskio, professor de Economia da Universidade Metodista, da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) e da Strong Business School.

Os especialistas também apontam os problemas sobre o uso do crédito para a realização das compras, principalmente levando em conta os juros existentes nos cartões. Além disso, outro problema está na falta de uma estratégia para realizar as compras neste período com o pagamento à vista, o que também gera outros problemas.

Apesar de não acreditarem que a Black Friday possa causar prejuízos nas compras de Natal, considerado o principal período do ano para o comércio, os especialistas apontam que já existem grupos de consumidores que escolhem essa data para adiantar a compra de presentes, e que tal comportamento pode acontecer em relação a outras datas do ano.

Outro ponto é o prejuízo para as pequenas lojas. Maskio e Damásio apontam que a Black Friday foi feita para o benefício das grandes empresas e que muitas vezes os pequenos lojistas não contam com o entendimento de precificação, o que pode fazer com que muitos tenham prejuízos neste período do ano.

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