ABC - quinta-feira , 2 de maio de 2024

NY fraca e queda de commodities impedem recuperação do Ibovespa

O Ibovespa voltou a cair na manhã desta quarta-feira, 4, renovando mínima e ameaçando perder a faixa dos 113 mil pontos, depois de subir 0,33%, com máxima aos 113.792,02 pontos. A piora segue a deterioração das bolsas americanas e a degradação do petróleo no exterior, com recuo acima de 3,00%.

“Só a queda das ações da Petrobras e da Vale é quase 50% da desvalorização do Ibovespa”, observa o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. Sem o minério de ferro referência, que é o do mercado de Dalian, na China, onde é feriado esta semana, o de Cingapura caiu mais de 1,00%, pesando nos papéis do segmento.

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“O feriado na China reduz a liquidez por aqui. Os Treasuries caem, mas ainda seguem muito altos depois de renovarem máximas em 16 anos. ADP pode ter contribuído para arrefecer as taxas, mas pouco. Além disso, o petróleo cai, contaminando ações do setor, mas beneficiando os papéis de aéreas”, avalia Bruno Burth, operador de renda variável da Legend Investimentos.

Em Nova York, as bolsas têm sinais divergentes, com a maioria cedendo, após a divulgação de dados de atividade dos Estados Unidos. As encomendas à indústria subiram mais que o esperado em agosto, enquanto o índice de gerentes de compras (PMI) de serviços medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM) caiu, mas ficou acima de 50, que é indicativo de expansão. Já a pesquisa ADP trouxe a criação de 89 mil empregos em setembro nos EUA, ante previsão de geração de 140 mil postos de trabalho no mês passado.

“Veio fraco, mas o mercado continua cauteloso. Talvez tenha dúvida se a pesquisa ADP ainda mantém correção com o payroll”, avalia Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos, ao referir-se ao relatório oficial de emprego dos EUA, que será divulgado na sexta nos Estados Unidos e será importante para balizar as expectativas para os juros do país.

A desvalorização das commodities reflete o temor de juros altos, principalmente nos Estados Unidos, o que é desfavorável para matérias-primas. “O dólar forte também não ajuda em um cenário de desaceleração, e a China também indica menor demanda por minério”, avalia Laatus.

Aqui, fica no radar o texto final da taxação de offshore e dos fundos exclusivos, que deverá ser votado hoje no plenário da Câmara e é fundamental para a arrecadação. O relator da proposta, deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), reduziu a alíquota sobre a tributação do rendimento acumulado dessas duas aplicações de 10% para 6%. Paulo ainda deixou de fora do parecer o fim do Juro sobre Capital Próprio (JCP), instrumento de remuneração dos acionistas das empresas.

Porém, segundo o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria, o fator global deve continuar direcionando os preços. “Por aqui, os agentes monitoram as discussões na Câmara sobre o projeto de lei que tributa fundos exclusivos e offshore, cujo avanço ameniza apenas marginalmente as preocupações com o contexto fiscal”, cita em nota.

Às 11h30, o Ibovespa caía 0,29%, aos 113.073,82 pontos, perto da mínima diária dos 113.036,30 pontos (-0,34%), e ante máxima aos 113.792,02 pontos, em alta de 0,33%. Petrobras caía em torno de 2,80% e Vale cedia 1,07%.

Ontem, o Índice Bovespa fechou em baixa 1,42%, aos 113.419,04 pontos, seguindo a aversão a risco externa.

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