Corsa, HB20 e Ônix são os alvos preferidos dos criminosos no ABC

Pesquisa considera todos os modelos e anos de fabricação do Corsa, que lidera a preferência dos bandidos. (Foto: Divulgação)

Um levantamento feito pela empresa de rastreamento de veículos Ituran, a pedido do RD, mostra que o Chevrolet Corsa, o Hyundai HB20 e o Chevrolet Ônix, lideram o ranking dos veículos mais roubados e furtados nas sete cidades do ABC. Juntos esses modelos correspondem a 15,4% de todos os veículos levados pelos bandidos no período de janeiro a julho deste ano.

A lista dos dez modelos preferidos dos criminosos mudou do ano passado para cá, o Ônix que liderava a preferência no ano passado, com 364 unidades levadas entre janeiro e julho, agora é apenas o terceiro, com 342. Agora a liderança é do Corsa, que teve 405 veículos levados nos primeiros sete meses deste ano; em 2022 ele estava na quarta posição com 265 unidades roubadas ou furtadas. O HB20, modelo que já tem alguns anos de mercado, é a grande surpresa do levantamento. O modelo subiu quatro posições; de sexto lugar no ano passado, com 220 unidades subtraídas, ele passou a vice-líder neste ano com 369.

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Os veículos mais procurados no ano passado em segundo e terceiro lugares, os Volkswagen Gol e Fox continuam entre os mais roubados e furtados, mas agora na sexta e sétima posição, respectivamente.

A lista dos mais visados pelos criminosos é praticamente toda formada pelos modelos considerados de entrada, das montadoras, são aqueles que mais se vê nas ruas,  que conforme ficam mais velhos precisam de maior quantidade de peças de reposição e muitas vezes o consumidor procura o mercado de peças usadas. Neste mercado há comerciantes que só trabalham com peças de procedência e rastreadas por códigos de segurança, mas ainda há peças vendidas no mercado paralelo que são fruto do desmonte de veículos roubados ou furtados.

Com alguns anos de mercado o compacto HB20 da Hyundai é muito popular em vendas e o segundo em número de roubos e furtos. (Foto: Divulgação)

Outro destaque da pesquisa encomendada pelo RD à Ituran, é que os roubos e furtos de veículos subiram 19% de janeiro a julho comparado com o mesmo período do ano passado. Foram 6.093 ocorrências em 2022 e 7.223 neste ano. Somente Santo André teve um aumento de 15%, com 3.147 casos. A cidade é seguida por São Bernardo, Mauá e Diadema.

Os bairros com maior incidência de roubos e furtos em Santo André são: Vila Assunção, Bairro Jardim, Centro e Vila Metalúrgica. Segundo a Ituran um bairro específico em Diadema merece atenção pelo aumento de 61% nas ocorrências de roubo e furto de veículos. A Vila Conceição teve 85 ocorrências entre janeiro e julho de 2022 e 137 neste ano.

Ônix que já foi líder no ano passado agora é o terceiro no ranking dos mais roubados e furtados. (Foto: Divulgação)

Para o delegado, professor de Direito Penal e coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), David Pimentel Barbosa de Siena, existe no Estado uma tendência de queda de roubos e furtos de veículos, mas apesar dessa tendência a região do ABC ainda tem números crescentes e Santo André se destaca. “Se a gente levar em consideração todo o Estado há uma queda histórica, se acompanhar desde 2014 com a lei do desmanche legal, temos acompanhado uma queda considerável desses números, mas além dessa lei temos programas como o Detecta. Algumas políticas nos ajudam a explicar essa queda. Santo André é uma grande chaga do ABC, é um problema histórico e há muitas hipóteses para isso, inclusive a geográfica. A cidade está envolta em cinturão de desmanches e nem sempre esses locais trabalham de forma legal. É uma cidade conurbada, numa hora você está em Santo André, e rapidamente chega a São Paulo ou São Caetano, se consegue entrar e sair com relativa facilidade. Isso talvez explique essa prevalência desse tipo de crime na região de Santo André. Isso é um problema nosso, local, que nos acompanha há muito tempo”, comenta.

O que fazer

Para o professor da USCS é difícil evitar um crime de roubo ou furto, mas algumas atitudes podem fazer com que o bandido desista para procurar uma vítima mais fácil. “A primeira atitude é ter atenção no trânsito mesmo quando se está parado no semáforo, hoje é mais fácil as pessoas dirigirem de maneira distraída, por causa do celular ou algum recurso no veículo. É muito difícil ficar 100% do seu tempo ligado, mas é importante. As vítimas relatam na delegacia que foram pegas de surpresa, quando estavam distraídas. Se estiver atento pode-se fazer uma manobra com veículo e evitar uma situação. Outra coisa importante é investir em uma película antivandalismo”, orienta.

Para o especialista em segurança o filme nos vidros tem um efeito psicológico no bandido que quer roubar. “A película inibe parte das tentações criminosas porque indivíduo não sabe  quem está ali dentro, então ele vai procurar um alvo mais fácil”, explica Siena. Ele também diz que fora do veículo a preocupação com a segurança deve ser maior. “Principalmente nos momentos de embarque e desembarque, que é quando a gente está vulnerável”.

Quanto ao furto, aquele em que o veículo é subtraído na ausência da vítima, evitar estacionar na rua e buscar um estacionamento e investir em um monitoramento do veículo são formas de minimizar os prejuízos. Para ele o que resolve é a investigação e tirar os bandidos de circulação. “O Estado tem que investir mais em investigação criminal, não dá para crer que o roubo vai ser dissuadido com patrulhas, que têm efeito muito efêmero, polícia deu as costas os bandidos continuam agindo. Na nossa região a gente precisa de um investimento grande e maciço na investigação criminal, sobretudo quanto a esses crimes patrimoniais, porque vemos um grupo relativamente pequeno de pessoas que são responsáveis por muitos roubos. Quando a gente consegue prender essas quadrilhas já gera um efeito positivo muito grande”, completa.

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