
Criadas com o objetivo de proteger vítimas de violência doméstica e familiar, atuar nas investigações destas criminalidades, as Delegacias da Mulher (DDMs) do ABC ainda não possuem atendimento físico 24h, apesar do avanço da violência.
Atualmente, o atendimento à população é realizado somente das 9h às 19h, de segunda a sexta-feira. Fora desse horário e nos fins de semana, períodos mais críticos, a mulher ainda precisa recorrer aos plantões físicos das delegacias e ou acessar a Delegacia da Mulher Online.
Atualmente, o ABC conta com cinco salas DDMs 24h instaladas no 1º DP de Diadema e nos plantões do 6º DP de Santo André, do 1º DP de Mauá e do 1º DP de São Bernardo, que oferecem atendimento especializado por vídeo conferência com uma policial feminina para o registro das ocorrências.
Em entrevista ao RD, a titular da Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher de Diadema, Renata Lima de Andrade Cruppi, destaca que por se tratar de local especializado, o atendimento é muito mais sensibilizado. “A mulher que está sendo atendida se sente muito mais acolhida, o que facilita ainda mais a coleta do depoimento e, consequentemente, nos ajuda na investigação”, expõe.
A delegada ressalta ainda que nos casos de violência doméstica e familiar, o atendimento apressado, como em delegacias comuns, é extremamente prejudicial nestes casos. “Precisamos entender os acontecimentos mais recentes e analisar os fatores de risco. Para isso, questionamos a vítima desde o início do relacionamento com o agressor até o último incidente e, isso leva tempo e queremos que a vítima se sinta o mais confortável possível para que nosso objetivo seja alcançado”, reforça.
Números de violência contra mulher crescem no Estado
Mesmo com medidas protetivas, delegacias especializadas e penalidade para agressores, os crimes de violência contra a mulher, como feminicídio, ameaças e lesão corporal dolosa (quando existe intenção de ferir), crescem em todo o Estado de São Paulo.
De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública, que não realiza estatísticas separadas por município, apenas em julho 4.649 lesões corporais dolosas contra mulheres foram cometidas, um crescimento de 11,4% em comparação com junho. Quando se trata de feminicídio, em junho, 10 mulheres foram mortas, enquanto em julho foram 12, um aumento de 20% em apenas um mês.
Em abril deste ano o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou o projeto de lei que prevê o funcionamento 24 horas por dia as DDMs, incluindo domingos e feriados, para as delegacias da mulher em todo o País. O texto foi publicado no Diário Oficial no dia 4 daquele mês. A lei foi proposta, em 2020, pelo senador Rodrigo Cunha (União) e aprovada em março. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública paulista diz que não tem infraestrutura suficiente para cumprir a lei federal.