Após detectar um problema existente na rede publica de saúde, em 2018 foi criado o Instituto Cabem Mais Vidas, que trata pacientes com Câncer de Bexiga. No início, o projeto que é desenvolvido de forma voluntária, utilizava um espaço cedidos pela Faculdade de Medicina do ABC (FMABC). Mas após ganhar relevância na região, recebeu da faculdade o espaço que irá abrigar o novo centro do Cabem Mais Vidas no ABC.
A reforma do local que será inaugurado nesta quarta-feira (13), na própria FMABC, foi possível graças ao apoio da iniciativa privada. Serão entregues quatro consultórios e duas salas para procedimentos cirúrgicos – todos dedicados ao tratamento de pacientes do SUS. O instituto também estabeleceu parceira com a Rede D’Or – Hospital São Luiz, voltado ao atendimento de pacientes que possuem plano de saúde, ou àqueles que tem condições de arcar com próprio tratamento.
O novo centro atuará no esquema de portas abertas, de forma gratuita, com atendimentos todas as quartas-feiras pela manhã. “Recebemos pacientes de todo Brasil”, conta o médico. O atendimento geralmente é realizado no mesmo dia. “Como não é uma doença tão frequente, nossa capacidade de atendimento supre a demanda”, diz. “Trabalhamos em parceira com os hospitais públicos municipais do ABC e com o Mario Covas”.
Câncer de Bexiga
O médico Urologista, e um dos idealizadores do projeto Cabem Mais Vidas, Fernando Moraes revela que a incidência deste tipo de doença está atrelada principalmente a exposição de fatores de risco como o tabagismo. Outros fatores também são relacionados a doença como exposições laborais em industrias petroquímica, de plástico, têxtil, etc. “Geralmente é necessário muito tempo de exposição a esses fatores, então os pacientes geralmente são idosos e apresentam outras doenças relacionadas”, explica.
O principal sintoma da doença é a presença de sangramento na urina – visível ao olho nu ou hematuria microscopica. O especialista relata que grande parte dos diagnósticos são realizados tardiamente, pois “o tumor só aparece nos exames de imagem quando já esta muito grande, em estágio avançado”. Nessas situações é necessário realizar um procedimento chamado cistoscopia – feito apenas em centros cirúrgicos de hospitais.
De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), no Brasil são esperados para 2023 mais de 11 mil novos casos. Apenas no ABC, 55% dos diagnóstico são realizados de forma atrasada. “Esse centro vem pra ajudar a suprir a demanda do sus”, conta o Urologista.
Simpósio
Em sua terceira edição, o evento realizado também nesta quarta-feira (13) contará com a presença de aproximadamente 200 participantes, com o intuito de debater assuntos relacionados ao tratamento da doença. “Como especialistas, entendemos que temos o dever de ajudar os gestores públicos a melhorar o tratamento”, aponta Fernando.
O simpósio terá representação de autoridades médicas das cinco regiões do país dedicadas ao tratamento de câncer urológico.
Ao final do evento será elaborado um relatório baseado nessa troca de experiência, com cópias enviadas ao Ministério da Saúde e aos gestores estaduais e municipais, com propostas práticas que podem ser implementadas no tratamento e prevenção ao Câncer de Bexiga.