ABC - quarta-feira , 15 de maio de 2024

Número de bancas de jornal desativadas aumenta e dá lugar à insegurança no ABC

Banca desativada na rua Miguel Prisco, em Ribeirão Pires, tem incomodado a população (Foto: Google Maps)

Com cada vez menos procura e investimento, as tradicionais bancas de jornal de calçada têm sido desativadas na região. As poucas que restam já não vendem mais apenas jornais, revistas e vinis, e apostam em um outro tipo de comércio para sobreviver. Já aquelas que foram desativadas, envelhecem, enferrujam e apresentam claro sinal de abandono e degradação, com riscos eminentes à população, que diz sofrer com a insegurança ao redor destes antigos pontos de vendas.

Além de não cumprir a função social, que é a atividade comercial em espaços urbanos, as bancas de jornal desativadas atraem moradores em situação de rua e usuários de drogas que utilizam os locais como pontos de encontro para o tráfico. Exemplo é a banca de jornal situada na rua Miguel Prisco, no Centro de Ribeirão Pires, fechada há, pelo menos, seis anos. “Era uma banca super tradicional na cidade, inclusive os donos tinham mais uma ou duas bancas também no Centro. Acontece que desde que fecharam a banca, a estrutura virou um ‘patrimônio histórico’ da cidade”, ironiza a advogada Katia Figueiredo Moraes, 32, moradora do bairro Colônia.

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Quem vem do Centro e precisa acessar a Etec de Ribeirão Pires, no Alvorada, passa em frente à banca, mas diz, em muitos casos, atravessar a rua para evitar problemas. “Às vezes tem umas pessoas estranhas sentadas ali, bebendo ou só paradas por um tempo, mas pra quem passa à noite, é perigoso, então preferimos sempre andar em grupo, principalmente quando as meninas (alunas) precisam voltar (para o Centro) para pegar o ônibus”, diz o estudante Heitor Benedetti, 17.

Banca em São Caetano está localizada no bairro Barcelona (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Em São Caetano, a situação não é diferente, uma banca enferrujada e danificada, situada na rua Conselheiro Lafayette, no bairro Barcelona, tem causado comentários nas redes sociais. Em uma publicação feita nas redes sociais, é possível notar a banca totalmente pichada e com partes deterioradas, e há quem reclame da situação e os que lembram dos tempos que a instalação era ativa na cidade.

“Tempo bom que bancas tinham públicos e dava dinheiro. Talvez nos dias de hoje quem tem banca de jornal ganhe apenas para sobreviver”, diz uma internauta nas redes sociais. Já quem mora ou trabalha na região, reclama do abandono e do chamariz para a insegurança local. “Antigamente vendiam vinil, revistas, jornais, era uma banca tradicional. Mas, desde que fecharam, está tudo largado e o que mais vemos são usuários de drogas que se escondem ali pra traficar”, reclama Gisele Rodrigues, moradora do bairro Cerâmica.

Questionada, a Prefeitura de São Caetano não informou quantas bancas estão ativas na cidade e qual a destinação das que foram desativadas. Já a Prefeitura de Ribeirão Pires informou que, atualmente, são três as ativas na cidade, e que são cerca de 24 inativas no município. No entanto, a administração também não informou qual a destinação dos pontos desativados.

A Prefeitura de São Bernardo, por meio da secretaria de Serviços Urbanos, informou que atualmente a cidade conta com 138 bancas de jornal em atividade. Em 2023, nenhuma banca foi fechada, mas no ano passado foi encerrado um ponto de comércio de jornais e, em 2021 e 2022, foram três bancas fechadas a cada ano. “Ao encerrar o seu local de comércio, o proprietário é responsável pela remoção da estrutura do endereço”, diz a administração.

As demais prefeituras não responderam. Já o Sedijore (Sindicato das Empresas Distribuidoras, Editoras, Vendedoras, Entregas Rápidas, de Jornais, Revistas e Outras Publicações Impressas, no Estado de São Paulo) não se posicionou.

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