Procura por cirurgias plásticas dispara no frio; especialista explica o motivo

Na UFABC, 103 cirurgias foram realizadas apenas de janeiro a abril deste ano (Foto: Banco de Dados)

A segunda estação mais fria do ano abre a temporada de cirurgias plásticas, época em que os consultórios são mais procurados por quem quer disfarçar e proteger cicatrizes ou melhorar a estética. Mas por que o período de outono/inverno se tornou propício para o tipo de procedimento? O coordenador do ambulatório da Cirurgia Plástica da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), André Luiz Pires de Freitas, tira a dúvida.

De acordo com o médico, há aumento na procura de procedimentos estéticos durante os meses mais frios em razão das temperaturas baixas serem mais confortáveis para o pós-operatório, porque usualmente há menos edema e sudorese. Nesta época, também é mais fácil o uso de malhas compressivas e meias anti trombo, além de ser período ideal para não se expor ao sol no pós-operatório, de modo a evitar a pigmentação das cicatrizes cirúrgicas ou manchas cutâneas. Outro fator que resulta no aumento da procura são as férias escolares do meio do ano.

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O cirurgião-plástico Alexandre Kataoka, membro-titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, cita que entre os principais procedimentos mais procurados, atualmente, estão a lipoaspiração e procedimentos na mama, como aumento e diminuição mamária. “São cirurgias que sempre procuraram bastante, mas que agora parece ter virado tendência, assim como a retirada de próteses mamárias, que também tem crescido bastante a procura”, diz.

Para realizar o procedimento, no entanto, Kataoka orienta que o interessado tenha certeza que a cirurgia será realizada por um profissional habilitado, para que o resultado seja satisfatório. “É importante que o interessado tenha a certeza de quem vai fazer o procedimento, se de fato é um cirurgião plástico e, acima de tudo, se esse profissional possui RQE (registro de qualificação de especialista). Somente com esse registro ele pode ser dominado como cirurgião-plástico”, afirma.

Mais procedimentos

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, os procedimentos cirúrgicos estéticos no País quase triplicaram nos últimos 15 anos. De acordo com os cirurgiões, este processo parece estar relacionado a um maior nível de informação a respeito das mais diversas técnicas disponíveis e uma certa desmistificação da ideia que se tinha antigamente de que os procedimentos seriam extremamente caros, portanto, restritos somente aos setores mais abastados da população. Nesse sentido, o cirurgião da FMABC acredita que o ABC segue o mesmo movimento.

Desde o início das atividades promovidas pela Cirurgia Plástica na FMABC, em 1980, Freitas enxerga um gradual e constante aumento da procura pelos serviços oferecidos. A única exceção ocorreu durante a pandemia da covid, quando inicialmente as atividades foram suspensas por um período e, segundo o médico, houve uma natural diminuição da procura pelo tipo de cirurgia, tendência do mercado, conforme o último Relatório Estatístico da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), em 2023.

Porém, desde o ano passado, quando a FMABC retomou o serviço, houve crescente aumento das consultas e procedimentos realizados. Para se ter ideia, foram 103 cirurgias no período de janeiro a abril desde ano. No mesmo período do ano passado, haviam sido realizadas 64 cirurgias. “A meta agora é retornar ao volume cirúrgico que tínhamos antes da pandemia, quando realizávamos uma média de 35 cirurgias por mês, ou 140 por quadrimestre”, opina.

Cirurgias plásticas

Os pacientes que tiverem interesse em realizar cirurgias ou procedimentos na FMABC devem enviar um e-mail para: triagem.cirurgiaplastica@fmabc.br . Através deste e-mail, será possível agendar a primeira consulta com a equipe de Cirurgia Plástica, quando será conversado tudo sobre o procedimento desejado pelo paciente, solicitados os exames pré-operatórios, e avaliado se não há contraindicação para a realização da cirurgia naquele determinado paciente.

Nos retornos subsequentes, há checagem de exames e avaliações pré-operatórias de outras especialidades (como cardiologia e mastologia nos casos que envolvam cirurgias mamárias). “Realizamos o registro fotográfico pré-operatório do paciente e o orientamos sobre a cirurgia em si, e todas as etapas de recuperação posteriores, tiramos dúvidas, explicamos sobre os resultados esperados com a cirurgia, e também sobre os riscos inerentes a cada procedimento, que embora sejam raros, não são inexistentes”, explica o cirurgião André Luiz Pires de Freitas. Com o paciente ciente e concordante de tudo isso, há agendamento cirúrgico.

Desde as consultas pré-operatórias até as pós-operatórias, tudo é realizado dentro do campus da FMABC. As cirurgias são realizadas pelos médicos assistentes da Disciplina de Cirurgia Plástica da faculdade, todos membros da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), juntamente com médicos residentes que estão no último ano da residência em Cirurgia Plástica da FMABC.

Os custos que os pacientes pagam são referentes: à primeira consulta no serviço e às cirurgias. Os valores são tabelados pela FMABC e já incluem todos os custos com internação, medicações utilizadas durante o procedimento cirúrgico, instrumental e material cirúrgico, bem como de curativo intraoperatório e pós-operatório; e às próteses mamárias, para quem as utiliza. O valor referentes a elas é acertado diretamente pelo paciente com o representante da marca de prótese com a qual é trabalhado no serviço.

Participação dos homens na cirurgia plástica

Dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (ISAPS) apontam, ainda, que 35% dos pacientes que buscam cirurgias plásticas no País são homens. Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, a maioria dos procedimentos procurados gira em torno da lipoaspiração, abdominoplastia, rinoplastia e blefaroplastia (cirurgia de pálpebras). Na região, os números apesar de pouco mais baixos, em torno de 15% da procura, também remetem aos mesmos procedimentos aos homens, com acréscimo de correção de ginecomastia (redução da mama masculina).

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