Os casos da DMPB (doença de mão-pé-boca), comum em crianças de até cinco anos, estão bem mais frequentes e cidades da região já registram surtos em escolas. Ribeirão Pires informou o registro de três surtos, em São Bernardo outros três surtos vitimando 35 crianças e outras cidades não relataram surtos, mas o número de doentes, como Santo André que informou o registro de oito casos e Mauá outros quatro. Para o médico pediatra e gestor adjunto do curso de Medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Carlos João Schaffhausser Filho, a ocorrência de casos da doença é comum nesta época do ano e, em geral, a maioria dos doentes se recupera em alguns dias.
“A doença mão-pé-boca é tão comum e clara para nós pediatras no verão. É uma doença que gera alguns surtos em alguns momentos, principalmente no verão e na época de socialização das crianças. É uma doença comum nas crianças menores de cinco anos, já não tão comum nas maiores porque a resistência aumenta. Ela se assemelha às estomatites, é gerada através de um vírus da família dos enterovírus. A doença não é muito comum em adultos, mas com os idosos é preciso atenção”, explica o médico.
A transmissão se dá por gotículas de saliva e do contato com brinquedos em que crianças portadoras do vírus manusearam. O vírus pode estar presente nas fezes e nas secreções orais da pessoa infectada. Os sintomas, segundo Schaffahausser Filho são manchas esbranquiçadas e feridas na boca e toda a cavidade oral chegando às amígdalas e faringe. “A doença também traz bolhinhas e vermelhidões na região das mãos, dos pés e na região glútea, em outras áreas não costumam aparecer essas lesões. A doença dá febre, não muito intensa, mas traz mal estar. A maior dificuldade é na deglutição dos alimentos”, diz o especialista.
O tratamento é baseado nos sintomas e os médicos receitam remédios para dor e febre, como paracetamol, ibuprofeno ou dipirona. “Não usamos nesta faixa etária nenhum medicamento que tenha efeito anestésico local, como xilocaína. Quanto às manchinhas não se faz nada. O tratamento visa o bem estar da criança e facilitar a ingestão dos alimentos. A alimentação quando há muita dor é feita com alimentos mais líquidos e em temperatura mais fria e alimentos com consistência de fácil deglutição como gelatina e até sorvete, pois é um momento em que a criança precisa desse suporte alimentar e de energia”, diz o pediatra e professor da USCS.
O médico explica que a doença não deixa sequelas, mas pode trazer algumas complicações. “Como toda a doença viral, ela pode comprometer alguns órgãos importantes como o sistema nervoso central, a parte respiratória e a parte cardíaca. A parte mais importante é o sistema nervoso e aí, dependendo da intensidade da doença e o nível de complicação, pode ocorrer alguma sequela, mas isso é muito raro”.
Há alguns casos em que há necessidade de internação justamente para o suporte alimentar e hidratação. “Pode vir uma fase em que a criança passa a ter muita dificuldade de ingerir líquidos e alimentos e numa criança que se encontra desidratada e em nível de desnutrição é preciso internação para dar o suporte sintomático e nutricional com hidratação”.
Carlos João Schaffhausser Filho diz que o cuidado deve ser redobrado nos locais públicos, mas também em casa, com as pessoas que têm contato frequente com a criança. “Precisamos ter higienização frequente das mãos que manipulam a criança e as secreções da criança. Também é importante o cuidado nos locais de socialização das crianças, como nas escolas, por isso que os surtos existem, quando aparece uma criança, vão aparecer várias seguidamente porque a doença já está em curso naquele grupo de crianças e alguns vão ter, outros não, depende da resistência do sistema imunológico naquele momento”, completa o médico.
Prefeituras
A prefeitura de Ribeirão Pires solicitou o reforço da higienização nas escolas depois do registro de três surtos da DMPB (doença de mão-pé-boca) neste ano. A prefeitura não disse quantas crianças ficaram doentes, mas reforçou que as crianças doentes ficaram isoladas por período determinado pelo médico e nenhuma escola precisou ser fechada.
Em Mauá foram registrados, segundo a prefeitura, quatro casos da doença neste ano e por isso o município intensificou as orientações e recomendações sobre os cuidados
necessários, tais como lavar as mãos regularmente, limar as superfícies e brinquedos com desinfetantes apropriados, isolar as crianças doentes; e higienização e desinfecção das salas de aula com casos suspeitos ou confirmados.
Em São Bernardo foram três surtos e 35 casos confirmados só este ano, todos com crianças de 0 a 5 anos, mas nenhum caso foi grave. “Quando o surto é identificado, a orientação é reforçar a higienização das mãos, mobiliários e ambiente, higienização diária dos brinquedos, afastamento dos sintomáticos e orientação aos pais e responsáveis para prevenção de futuros casos”, diz a prefeitura em nota.
Santo André também orientou as escolas a intensificar a higiene de mãos das crianças e também dos ambientes. A cidade teve oito casos da doença, todos foram leves, sem necessidade de internação.
A prefeitura de São Caetano informou que não registrou casos esse ano, mas além das medidas de higiene já usuais, a administração realizou a sanitização dos tanques de areia de todas as escolas municipais, no final de janeiro. São realizadas três aplicações anuais do produto que tem efeito de quatro meses e evita a contaminação biológica.
Diadema informou que não teve casos relatados neste ano e Rio Grande da Serra não respondeu até o fechamento desta reportagem.