
Os moradores do bairro Baeta Neves, em São Bernardo, estão temerosos com o frequente furto de fios da rede elétrica que tem deixado às casas às escuras. Os criminosos agem de madrugada e, em poucos, minutos cortam e arrancam os fios dos postes. A polícia e Prefeitura já fizeram operações com o objetivo de prender os autores dos furtos e identificar os receptadores desses produtos, em geral, depósitos que comercializam metal, mas os crimes continuam.
As vias mais afetadas são a avenida Getúlio Vargas e a rua Dr. Amâncio de Carvalho. Uma moradora que pediu para não ser identificada disse que praticamente todos os seus vizinhos já tiveram a fiação roubada. A casa dela foi a última vítima dos ladrões. “Eu estava em casa e acordei com um barulho, cheguei devagar até a escada da sala, porque não tinha luz, estava tudo escuro, não vi ninguém, mas vi puxarem o fio para a rua”, relata.
O major Fernando Carvalho, comandante interino do 6° Batalhão da Polícia Militar, confirma que há vários casos de furto como este ocorrendo não apenas naquele bairro. “Essa é uma questão que está sendo apurada, as viaturas têm patrulhado a região, mas o furto é um crime difícil de flagrar, porque o criminoso espera a viatura passar e age, principalmente à noite. Nós já fizemos operações aqui na cidade detivemos pessoas. Tem que levantar quem são os receptadores, quem é que está comprando fios de cobre em grande volume”, diz o oficial da PM. “Agora está com a Polícia Civil que tem de identificar esses depósitos de ferro velho que compram esse material, porque só há o furto quando tem quem compre”, completa.
A Prefeitura de São Bernardo, através da Guarda Civil Municipal, realizou uma operação em conjunto com a Polícia Civil para atacar o furto de fios e cabos elétricos de áreas públicas e privadas. “A GCM tem intensificado ações para desmantelar esquemas de furtos de cabos elétricos, públicos e privados, no município. Recentemente, a guarda deflagrou, com apoio da Polícia Civil, a Operação Moiras, contra esse tipo de crime e que culminou com a prisão de três pessoas, incluindo receptadores. Paralelamente, a GCM realiza patrulhamentos preventivos e permanentes para a proteção da população e dos serviços e instalações municipais”, explicou a administração em sua nota.
A primeira destas operações aconteceu em maio quando três pessoas foram presas em flagrante, 400 metros de fios foram apreendidos e um estabelecimento foi interditado. Em novembro uma nova operação vistoriou 20 estabelecimentos e 25 quilos de fios foram apreendidos. Em agosto do ano passado o RD mostrou que a UBS (Unidade Básica de Saúde) do Baeta Neves também foi invadida e teve os cabos de energia furtados. Além do prejuízo para a reposição da fiação, os usuários ficaram sem atendimento durante uma manhã inteira.
A reposição de cabos de fornecimento de energia – que abastecem residências, comércios e indústrias – é de responsabilidade da empresa concessionária Enel, e os equipamentos de iluminação pública cabem à Prefeitura. Em nota, a empresa de energia disse que não registrou a falta de energia nas ruas Dr Amancio de Carvalho e Getúlio Vargas, no Baeta Neves. A concessionária não respondeu ao questionamento do RD sobre o tempo médio de espera para o reestabelecimento da energia no caso de furto de cabos. A moradora, ouvida pela reportagem disse que esperou 36 horas para que a luz da sua casa fosse religada.
Quanto a iluminação pública, a Prefeitura diz que o tempo de reparo é de, em média, 24 horas, e varia de acordo com a quantidade de fios furtada e as condições para a reinstalação.