ABC - segunda-feira , 29 de abril de 2024

Paciente da Medical Health tem que pagar por cirurgia e luta por ressarcimento

Centro médico da Medical Health é o único da rede própria elencado no site da empresa e que atende na região. (Foto: Google)

O morador de Mauá, que pediu para não ser identificado, precisou de uma cirurgia com relativa urgência no ano passado, ele foi diagnosticado com hérnia inguinal, e não conseguiu realizar o procedimento através do seu convênio médico, a Medical Health. Foram mais de quatro meses de tratativas com a operadora de saúde, até que ele resolveu fazer o procedimento particular, após ter recebido um email do departamento jurídico falando sobre o reembolso das despesas médicas com o procedimento. A cirurgia foi feita no último dia 31, as notas foram encaminhadas à Medical Health, que até o momento não respondeu sobre o reembolso.

A crise na Medical Health se evidenciou no início deste ano com o aumento das demissões de trabalhadores da empresa. 73%, dos seus 300 funcionários foram demitidos entre outubro e janeiro e a operadora atribuiu a situação ao fim dos contratos com as prefeituras de Mauá e São Caetano. Esses contratos que garantiam o atendimento aos servidores das duas prefeituras, respondiam por cerca de 90% da movimentação financeira da empresa. A Medical tinha, segundo a advogada da empresa, Ana Lia Rodrigues de Souza, cerca de 55 mil vidas asseguradas no início do ano passado, número que caiu para cerca de 8 mil atualmente.

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Mas mesmo antes do fim destes contratos o RD publicou diversas reportagens com pacientes reclamando da falta de atendimento, do descredenciamento de clínicas e hospitais. Esses problemas que levaram às prefeituras a romperem com a Medical Health. A prefeitura de São Caetano chegou a multar a empresa em R$ 2,2 milhões por descumprimento do contrato. A advogada disse à reportagem na última semana que espera resolver os problemas de credenciamento dentro de 60 dias para voltar a comercializar planos de saúde e buscar o equilíbrio financeiro da operadora.

Os trabalhadores demitidos disseram que não receberam os dias trabalhados, nem o 13° salário, que deveria ter sido pago em dezembro, e foram orientados a procurarem a justiça do trabalho porque a empresa não teria dinheiro para pagar as indenizações. Em meio a essa crise os pacientes ficam sem atendimento a que têm direito. “Tentei várias vezes fazer o agendamento da cirurgia através do aplicativo da Medical Health. Pagaram uma consulta com cirurgião no Hospital Adventista, porém não adiantou nada porque o hospital não estava atendendo a Medical para cirurgias. Somente depois de cinco reclamações que fiz na ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) é que me ofereceram o reembolso integral”, explica morador de Mauá.

A cirurgia que seria coberta pelo convênio médico seria feita por vídeo, num procedimento menos invasivo e de recuperação mais rápida. Porém, como o próprio paciente teve que custear o procedimento, teve que optar pela cirurgia tradicional com cortes, que é mais barata. Mesmo assim ele desembolsou R$ 5.037 no procedimento. Segundo ele a Medical Health pagou apenas outras despesas menores vinculadas à cirurgia, como exames complementares feitos em rede particular, mas o valor maior, o do próprio procedimento cirúrgico não foi ressarcido ao paciente. “Eu não tinha como arcar com uma cirurgia por vídeo que custava R$ 10 mil, então optei por uma que cabia no meu bolso”, explica o paciente que ainda se recupera da cirurgia.

A Medical Health repetiu o mesmo comunicado já divulgado sobre problemas envolvendo procedimentos, exames e consultas, não relatando nada sobre o caso específico do conveniado que aguarda o reembolso. “A Medical Health lamenta os últimos acontecimentos que têm impactado no atendimento dos seus beneficiários e tem trabalhado para uma reestruturação em busca da normalidade dos serviços prestados”.

Sindicato

O SindSaúdeABC, sindicato que representa os trabalhadores das empresas privadas de saúde, protocolou na última semana um pedido de reunião com direção da empresa para tratar das demissões e do pagamento das indenizações aos trabalhadores. A reunião está marcada para esta quarta-feira (08/02) na sede do sindicato em Santo André. A entidade sindical informou na tarde desta terça-feira (07/02) que se a empresa não enviar representante à reunião que haverá um ato no dia seguinte na porta da sede da empresa que também fica em Santo André. A assessoria de comunicação da Medical Health informou que a empresa participará da reunião.

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