Com a volta das aulas uma das preocupações dos pais e responsáveis é sobre a qualidade da merenda escolar. O hábito ingerir uma alimentação saudável é essencial para que as crianças aprendam a gostar dos alimentos naturais, pois contribuem para o desenvolvimento pleno, ao contrário dos processados e ultraprocessados.
De acordo com Narjara Pereira Leite, nutricionista e professora de nutrição do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), os cardápios da alimentação escolar devem ser elaborados pelo nutricionista do município responsável técnico do PNAE (Programa Nacional de Alimentação do Escolar).
A prioridade, diz Narjara, deve ser para os alimentos naturais, limitar o uso de processados, como macarrão, bolos, bolachas e pães, e restringir a oferta de ultraprocessados, como gelatina, sucos artificiais, biscoito recheado e chocolates.
Narjara explica que, por terem elevado valor nutricional, os alimentos naturais contribuem muito para crescimento e desenvolvimento das crianças. “Já os alimentos processados e ultraprocessados devem ser evitados por terem elevado teor de açúcares, gorduras e aditivos, que favorecem o excesso de peso e a presença de doenças, como diabetes, hipertensão e colesterol elevado”, aponta a nutricionista.
Merenda das prefeituras
Em São Bernardo, o cardápio foi reformulado em 2017 e, desde então, cerca de 80 mil estudantes da rede municipal recebem alimentação acompanhada por nutricionistas, conforme o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), com disponibilização de cardápio impresso aos pais mensalmente. No ano passado, os investimentos com a merenda foram em torno de R$ 59 milhões.
Segundo a Prefeitura, o cardápio é adaptado à idade e ciclo de aprendizado dos alunos, com incentivo ao aleitamento materno, e na impossibilidade, o município atende com fórmulas infantis específicas para lactentes do berçário. Para os demais alunos, em período parcial, são ofertadas duas refeições diárias, café da manhã ou tarde e almoço (arroz, feijão, proteína, salada todos os dias, fruta ou preparações de sobremesa), além de desjejum, lanche da tarde e jantar nas unidades de ensino integral. Há, ainda, o atendimento a cerca de 2,1 mil crianças com dietas especiais (alergias e restrições alimentares diversas) que apresentam laudo médico.
Em Ribeirão Pires, a Prefeitura garante que todos os 6.892 alunos matriculados na rede recebem duas refeições de merenda: lanche da manhã e almoço ou almoço e lanche da tarde. Mensalmente, são 30 toneladas de alimento com estocáveis, congelados e hortifruti, em um investimento de mais de R$ 5 milhões.
Em São Caetano, são 20 mil alunos beneficiados com as refeições, de acordo com o Paço, que oferece no cardápio legumes, frutas, verduras, carnes, aves, pescados, arroz, feijão, laticínios, pães e sucos.
Até o cambuci
Já em Rio Grande da Serra, segundo a Prefeitura, 1.913 crianças e mais 30 alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) recebem o beneficio com a merenda. Em 2022 foram 1.945 crianças beneficiadas. E a Prefeitura detalha a merenda.
Para creche período integral, Rio Grande da Serra oferece cinco refeições ao dia (desjejum, colação “lanche”, almoço, lanche da tarde e jantar), já as turmas da creche de meio período realizam 2 refeições diárias (desjejum e almoço no período da manhã e lanche da tarde e jantar no período da tarde), e no EJA há um lanche.
Para a educação infantil ou pré-escola a refeição é balanceada, com arroz, feijão, carne, ovos frutas e verduras. O cardápio foi fundamentado pelos Guia Alimentar para População Brasileira e no Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, que recebem frutas diversas, arroz, feijões (carioca, preto, branco, ervilha, lentilha, entre outros), macarrão, carnes, ovos, laticínios e alimentos regionais na safra, como o cambuci.
Rio Grande vai para o segundo ano de adequação do cardápio à legislação. ‘Melhoramos a alimentação nas festividades, e após nossa pesquisa sobre a alimentação com os familiares das crianças observamos que os ultraprocessados doces fazem parte da base da alimentação das crianças, sendo o quarto alimento consumido com maior frequência”, diz a nota da Prefeitura que manipula, aproximadamente, 1 tonelada de alimentos por dia, de todos os grupos alimentares.
Legislação e tempo na escola
Santo André informa que são beneficiados com alimentação escolar cerca de 44 mil alunos, um total de 65 mil atendimentos diários entre café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. Os cardápios são elaborados por nutricionistas de acordo com as diretrizes do PNAE, com cereais, leguminosas, carnes, leite, legumes, verduras e frutas, coordenados por nutricionistas de acordo com as diretrizes do PNAE.
O atendimento é realizado em atendimento à legislação vigente e de acordo com a faixa etária dos alunos e tempo de permanência na escola. São atendidos também alunos com necessidades alimentares especiais. A legislação de 2020 diminuiu a frequência dos panificados e substituiu por frutas, além da exclusão de preparações com açúcar, como achocolatado, que lugar ao cacau em pó, a banana madura para adoçar.
Para 2023, Santo André inicia a alteração do cardápio ofertado aos alunos da EJA noturno, além de aumento na variedade de alimentos ofertados.
A quantidade de alimentos varia de acordo com os cardápios ofertados em cada unidade escolar. São preparados e distribuídos aproximadamente 300 toneladas de alimentos mensalmente. Os alimentos são preparados na Cozinha Central e nas próprias unidades escolares. Os investimentos, somado com folha e insumos, totalizam R$ 62, 7 milhões.
Produtos estocáveis
Cerca de 32 mil estudantes de Diadema recebem alimentos básicos, como arroz, feirão, fubá, macarrão e extrato de tomate. Hortifrutgranjeiros, frutas, legumes, verduras, pão, suco e bolinho também entram na conta. O cardápio é elaborado de acordo com a legislação vigente e o período de permanência na escola.
Por conta da restrição de açúcar, o cardápio nas creches envolve alimentos derivados de polvilho de farinha de tapioca. “Estamos introduzindo receitas, como cuscuz que vai brócolis, frango, um arroz diferenciado que chamamos de baião de 3. Também temos a intenção de adquirir outros produtos da agricultura familiar para incrementar o cardápio”, informa a Prefeitura, que entrega cerca de 50 toneladas de alimentos por mês, um investimento de R$ 15,6 milhões.
Mauá não respondeu até o fechamento da reportagem.