ABC - terça-feira , 14 de maio de 2024

Estevam e Oscar lembram as ‘despedidas’ de Pelé contra Guarani e Ponte Preta

O futebol campineiro tem fortes ligações com Pelé. O Rei do Futebol se despediu do Santos e do Brasil em 1974 e, por coincidência, nos seus últimos jogos, enfrentou Guarani e Ponte Preta. Os seus marcadores, Estevam Soares, do Guarani, e Oscar, da Ponte Preta, não esquecem estes jogos históricos disputados há 48 anos. Entre estes dois jogos, o Santos perdeu para o Corinthians, por 1 a 0, com gol de Rivellino no dia 29 de setembro daquele ano.

O primeiro jogo aconteceu no dia 22 de setembro, no estádio Brinco de Ouro, em um empate por 2 a 2 que teve sabor de vitória para o Guarani. Isso porque o Santos abriu 2 a 0, com dois gols de Pelé, um de pênalti e outro de longe em cima do goleiro Sérgio Gomes. Estes dois gols foram os últimos do Rei do Futebol em sua despedida com a camisa do Santos em jogos oficiais. O valente time campineiro buscou o empate nos minutos finais com gols do volante Flamarion e do ponta direita Amilton Rocha.

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Coube ao jovem zagueiro Estevam, depois técnico Estevam Soares, marcar o maior do mundo. Não foi nada fácil para um jovem de apenas 18 anos, cabeludo, vigoroso e com futuro promissor. Mas na véspera do jogo, uma manchete de jornal já colocou o garoto numa sinuca de bico.

“Estava no jornal, em letras garrafais: ‘Estevam x Pelé’. A partir daí eu comecei a tremer e senti mesmo a tensão de ter que marcar o principal jogador da história do futebol mundial”, disse Estevam, agora com satisfação, mesmo reconhecendo que o segundo gol saiu em cima dele.

“Antes ele tinha me falado: ‘Garoto, toma cuidado…’. Eu, claro, fiquei calado, de olho nele, como se fosse um ‘boi bravo’. Ele recebeu a bola na intermediária, bem longe da grande área, pertinho, na minha frente. Pensei que ele fosse tentar o drible, mas não deu nem tempo de fazer nada porque, do nada, ele soltou uma bomba. A bola entrou no ângulo.”

Nos minutos finais, Estevam confessa que esqueceu o jogo e só ficou do lado do Pelé, porque queria pegar a sua camisa. “Eu não desgrudei dele, fiquei colado. Já tinha pedido a camisa para ele e assim que acabou o jogo não perdi tempo, já peguei das mãos dele”. Agora, com 66 anos, Estevam não esconde o orgulho ao mostrar a camisa do ‘maior de todos os tempos’. Uma camisa branca, com o escudo do Santos na frente e o número 10 atrás, como eram as camisas da época, sem patrocinadores.

A mesma sorte não teve Oscar, zagueiro da Ponte Preta, e que participou da “despedida de Pelé” pelo Santos, num jogo na Vila Belmiro, em 2 de outubro de 1974. Todos sabiam que seria a despedida do Rei do Futebol, que atuou somente por 21 minutos. Uma surpresa até para Oscar.

“Nós não tínhamos a mínima ideia de que iria acontecer, que o jogo iria parar e que o Pelé iria pegar a bola no centro do campo. Eu estava pronto para marcar ele o jogo todo, mas não deu”, afirmou Oscar Bernardi. Na época, jogador com carreira exemplar e de boa educação – formou-se em fisioterapia – Oscar ficou com vergonha de pedir a camisa de Pelé.

“Tive muita vontade, mas fiquei mesmo com muita vergonha”, disse Oscar que ainda tem na memória os últimos momentos do santista em campo. “Eu estava perto dele, dei os parabéns e até um leve toque na cabeça dele. Nem imaginava que aquilo iria entrar para a história do futebol mundial”, disse Oscar, que depois participou de três Copas do Mundo – 1978, 1982 e 1986.

O “jogo de despedida” com a camisa do Santos, o time praiano venceu por 2 a 0. Mas coube a Oscar impedir que Pelé marcasse o gol, como queriam todos os companheiros de Santos. “Eles falavam em campo, olha o Pelé ali, toca para ele. Ou então, ‘vamos dar último passe para ele, toca pro Rei'”. Todos estavam determinados a facilitar o gol para ele, mas nosso time não deu moleza”, afirmou Oscar. Mas, dificilmente, o zagueiro ponte-pretano ficaria com a camisa de Pelé, que saiu de campo com ela no corpo.

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