Projeto Anjos da Sopa quer investir em trabalho psicossocial

O projeto social Anjos da Sopa, designado a distribuir alimentos para pessoas em situação de rua, ganhou novo significado após a pandemia da covid-19. Acontece que a procura pelo serviço social cresceu como nunca, em razão da recessão econômica e do desemprego, o que fez com que a idealizadora do projeto e moradora de Santo André, Gisele Ferreira de Souza, começasse a planejar novas ideias de atuação com o grupo de voluntários. Uma das iniciativas projetadas é o atendimento psicossocial.

Em entrevista ao RDtv nesta terça-feira (27/12), Gisele contou que com a pandemia, foi possível identificar não só as tantas famílias da região que sofrem com questões estruturais, mas também as que vivem com algum tipo de defasagem social e cultural. “Temos visto que as pessoas precisam mais do que comida ou de uma cesta básica. Elas precisam de atendimento médico de qualidade, de atendimento psicossocial, precisam ser olhadas, entendidas e abraçadas”, diz.

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No período mais crítico da pandemia, a voluntária lembra que o projeto não deixou de atender estas pessoas um dia sequer. “Diferente do Bom Prato, que parou de atender a população por um tempo determinado, nós continuamos. Foram cerca de 400 marmitas entregues ao dia, e o número de pessoas só cresceu”, diz. Segundo ela, foram montadas duas geladeiras para a exposição das marmitas e, a cada dia, era possível ver um número maior de pessoas que procuraram o serviço na rua Javri, no bairro Assunção. “Recebemos famílias que vinham a pé de Mauá e de Ribeirão Pires só para ter o que comer no dia”, conta.

Sem qualquer tipo de apoio governamental, o trabalho social do Anjos da Sopa continua ativo na cidade. (Foto: reprodução/RDtv)

A situação se complicou de tal forma, que Gisele afirma ter visto a fome assolar níveis da sociedade que antes não enxergava no projeto. “Vivemos um cenário de fome extrema. Começamos a receber pessoas até ‘bem vestidas’ que não tinham o que comer e vimos onde a fome estava chegando”, diz. Foi então que os voluntários do Anjos da Sopa passaram a separar a população atendida de duas formas: entre as famílias que precisavam do alimento para cozinhar em casa, e as que estavam em situação de rua e precisavam de uma marmita. “Nesse meio tempo, lembro de sentir cheiro de fumaça que vinha de algumas pessoas que cozinhavam com lenha por não ter sequer um gás de cozinha em casa”, conta.

Os cerca de 100 voluntários no período pré-pandêmico se tornaram 146, e além das ações diárias, o trabalho foi intensificado também para ações especiais de Dia das Crianças e até Natal. “Neste Natal, por exemplo, entregamos ceia para mais de 200 famílias”, conta Gisele ao frisar que foi possível distribuir ave, panetones e uma ceia no projeto do ‘Natal sem Fome’. Também na ação de Natal, cerca de 400 crianças receberam roupas, brinquedos e itens de higiene.

Sem qualquer tipo de apoio governamental, o trabalho social do Anjos da Sopa continua ativo na cidade, com entrega diária de marmitas e aos finais de semana as clássicas sopas para a população em situação de rua. Quem quiser apoiar o projeto pode doar “itens que salvam vidas”, a exemplo de roupas masculinas, pote de margarina de 500g para a entrega de sopas ou, ainda, contribuir via pix (11) 97215-4434. No período de inverno o projeto também recebe cobertores biodegradáveis para evitar óbitos em razão do frio.

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