
A campanha Dezembro Laranja chega para alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de pele, que corresponde a 30% de todos os tumores malignos registrados no País, segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer). A doença pode se manifestar desde a forma mais frequente, como o não melanoma (de aparência avermelhada ou com feridas), ou na forma melanoma, com surgimento de pintas e/ou sinais na pele com tons castanhos.
De acordo com a dermatologista e professora do Centro Universitário da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Cristina Laczynski, é importante que a população tenha conhecimento sobre a doença e os sinais que apontem que algo não vai bem. “Além disso, é muito importante que os próprios médicos tenham um conceito bastante didático ao ensinar as pessoas no reconhecimento de lesões que podem se tornar suspeitas de câncer de pele”, diz.
O método “ABCDE” é uma espécie de autoexame que pode auxiliar no diagnóstico precoce, ou seja, a observação, por parte do próprio paciente, de pintas e manchas que surgem no corpo, suas características e alterações, podem prevenir maiores problemas. “O método deve ser aplicado quando o aspecto de pintas e manchas é diferente das pintinhas comuns ou sofre modificações”, explica a dermatologista.
Confira o significado de cada uma das letras:
(A) Assimetria
É importante observar se o formato da pinta ou mancha é irregular ou diferente. Se sim, o sinal de alerta deve ser ligado. “A assimetria, diferença de formatos e locais da lesão é um aspecto de suspeita”, alerta Cristina.
(B) Bordas
Um outro indício que pode mostrar que algo não vai bem é quando a pinta ou mancha possui alguma irregularidade no contorno da borda. Por isso, preste atenção nos limites externos e veja se eles são simétricos ou não.
(C) Cor
A letra “C” diz respeito à cor. É preciso observar se o sinal tem coloração uniforme ou apresenta mais de uma tonalidade. Neste último caso, pode indicar uma alteração prejudicial à saúde e à vida do paciente. “Lesões de diferentes cores, tons de marrom, castanho muito escuro ou preto acinzentado ou às vezes até branco tem uma propensão maior de ser suspeita de câncer”, diz a dermatologista.
(D) Diâmetro
Sinais na pele maiores que cinco milímetros requerem atenção máxima. Em geral, pintas benignas não ultrapassam essa dimensão e, portanto, se notar que elas atingiram tal medida, é fundamental agendar consulta com um especialista.
(E) Evolução
A evolução da pinta e/ou mancha é outro ponto que requer atenção do paciente. Quando ela muda de tamanho, cor e formato com o tempo (principalmente de forma veloz) é preciso atenção. Se mudar a cor, sangrar com facilidade ou mesmo a lesão não cicatrizar, é preciso atenção de um especialista.
Prevenção
A dermatologista alerta, ainda, para métodos de prevenção que a população deve adotar a fim de driblar o câncer de pele. “A exposição excessiva ao sol, sem o uso de filtro solar pode ser um fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pele, principalmente para aqueles que já possuem alguma pré-disposição”, alerta. Outros fatores de risco são: ter pele e olhos claros, ser albino, ter vitiligo e/ou histórico da doença na família e fazer tratamento com medicamentos imunossupressores.

Casos
No Brasil, o número de casos novos de câncer de pele não melanoma esperados, a cada ano do triênio 2020-2022, será de 83.770 em homens e de 93.170 em mulheres. Em homens a incidência é maior principalmente nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste, com risco estimado de 123,67 casos por 100 mil habitantes, 89,68/100 mil e 85,55/100 mil, respectivamente.
No ABC, a Prefeitura de São Bernardo aponta que, neste ano, foram registrados 646 casos de câncer de pele, enquanto no ano passado, o diagnóstico foi de 613 casos. Os casos suspeitos são encaminhados pelas Unidades Básica de Saúde (UBS) para a equipe de dermatologia da Policlínica Centro. Se for necessário, esses pacientes são referenciados para o Ambulatório de Pequena Cirurgia, onde é realizado procedimento cirúrgico para a retirada da lesão.
Em São Caetano foram 381 diagnósticos este ano contra 237 no ano passado. A rede faz avaliação clínica, dermatoscopia e biópsia. Os tipos mais comuns são: basocelular, espinocelar e melanoma. Mauá e Rio Grande da Serra não souberam informar o número de pacientes diagnosticados com câncer de pele este ano. Em ambos municípios, os pacientes que necessitam de tratamento oncológico são encaminhados para as referências na rede estadual, denominada a Rede “Hebe Camargo” de Combate ao Câncer – RHCCC.