ABC - quarta-feira , 1 de maio de 2024

ABC imuniza pouco mais de 200 bebês contra covid-19; baixa adesão preocupa

Municípios seguem com processo de vacinação em andamento nos postos de saúde (Foto: Helber Aggio/PSA)

Apesar da liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de vacinas da Pfizer e da Coronavac contra a covid-19 para bebês e crianças de até 11 anos, a imunização destes grupos segue lenta em todo País, principalmente quando se trata do grupo mais novo: os bebês acima de seis meses de idade. Para se ter ideia, no ABC, pouco mais de 200 pequenos, com comorbidades, foram imunizados desde a liberação da vacina, no último dia 17, e a baixa adesão da vacina tem preocupado especialistas.

Do total de 227 vacinas aplicadas no público do ABC, entre 6 meses de idade a 2 anos, 83 doses foram aplicadas em crianças de Mauá. Na sequência aparece São Caetano, com 45 aplicações feitas até o momento, Diadema (39), Santo André (37) e Ribeirão Pires (23). São Bernardo não informou quantas crianças pertencentes a este público foram imunizadas até agora, e Rio Grande da Serra informou, em nota, que em razão das chuvas dos últimos dias, não foi possível mensurar dados.

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Diante dos números, o infectologista do Hospital e Maternidade Brasil, da Rede D’Or, Ruan Fernandes analisa que não há um único motivo que justifique o baixo índice de imunização, mas garante que a aprovação da vacina para as faixas etárias recomendadas é precedida por rigorosos laboratórios clínicos, com amostras bastante significativas. “Os órgãos regulatórios têm segurança para interpretarem se os potenciais riscos são justificados pelas doenças sintomáticas, então pelo que vemos, não há motivo para que haja resistência em imunizar sua criança”, diz.

O mesmo também se aplica às demais proteções, que devem constar na cartilha de imunização da criança, mas que muitos pais deixam de levar os pequenos para imunizar. Seguindo recomendação do Ministério da Saúde, devem constar no calendário vacinal das crianças as seguintes proteções: contra as hepatites (A e B); VIP e VOP; a vacina BCG, que protege o bebê do desenvolvimento grave de tuberculose; a DTP (chamada penta), contra hepatite, tétano, coqueluche, infecções da Haemophilos B e Difteria; e de Febre Amarela.

Ao RD, o infectologista esclarece que todas as vacinas previstas no calendário da criança, de forma geral, apresentaram queda na procura, neste período de pandemia. No entanto, o que mais preocupa, além da vacinação contra a covid-19 – uma vez que trata-se de uma pandemia mundial – é a proteção contra a Poliomielite, que também está com pouca procura. “A cobertura vacinal caiu pra em torno de 54% agora em setembro e é um vírus que apesar de erradicado, já circula em vários países e pode ser reintroduzido no Brasil”, diz.

Um dos principais motivos para a reintrodução do vírus apontado por Ruan se dá a resistência dos pais em relação às proteções, hoje, disponibilizadas nos postos de saúde. “Temos percebido que há bastante resistência dos pais, até por uma questão política/ideológica. Já havia a restrição pela pandemia, mas a questão da política acentuou o déficit, além da falta de divulgação, por parte dos órgãos públicos, no que se diz respeito à importância das vacinas. Esse conjunto de fatores levou à redução da procura pelos imunizantes”, afirma.

Atualmente, a quantidade de crianças imunizadas é inferior à capacidade de vacinação no País. Segundo estimativa do governo federal, o SUS (Sistema Único de Saúde) é capaz de vacinar 2,4 milhões de pessoas por dia. Para aqueles que estão com processo vacinal em atraso, o infectologista garante: há espaço para vacinar as crianças, e ainda que haja atraso, nunca é tarde para levar a criança se imunizar. “Precisamos pensar na proteção individual e coletiva para as doenças graves. Não há motivo razoável para receios”, salienta.

Em nota, as prefeituras da região garantem que, apesar da baixa procura pelas vacinas, há disponibilidade dos imunizantes nos postos de saúde. Basta que os pais e/ou responsáveis levem a criança, junto com carteira de vacinação e documento com foto, para atualizar e imunizar a pequeno.

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