
A tradição de levar flores ao túmulo de entes queridos no Dia de Finados (02/11) é uma prática feita há séculos no Brasil. Com o gesto, a população pode escolher a espécie de flor de sua preferência, desde que tenha cuidado com a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
De acordo com especialistas em saúde, os cemitérios são grandes criadouros de mosquitos, que se desenvolvem com muita facilidade nos recipientes de tamanho limitado, como vasos de cerâmica, vidros, plásticos, furos em lápides, acabamentos e adornos de vasos. Todos estes são considerados bons locais para acúmulo de água e, consequentemente, deposição de ovos de mosquitos.
As flores mais procuradas para o feriado de Finados são os vasos de crisântemos, gérberas, rosas brancas, copos-de-leite, kalanchoes, lírios e lisiantos. As flores permanentes também são procuradas por oferecer opção mais perene de decoração para as lápides. Se for utilizar floreiras ou canteiros para plantio de flores, verifique se há, nessas estruturas, furos para escoamento da água, e prefira espécies, como crisântemos e margaridas.
Outra recomendação é evitar flores de plásticos, pois as pétalas podem acumular água no escoamento e os ovos do Aedes aegypti são resistentes, podem sobreviver por muito tempo no ambiente e, ao eclodirem, o ciclo de vida é extremamente rápido. Entre cinco a 10 dias, o mosquito já está na fase adulta e pode iniciar o processo de transmissão da doença.
A professora em Ciências Biológicas do Centro Universitário Fundação Santo André (FSA), Carolina Coelho, destaca que a população pode escolher sua flor de preferência, desde que respeite as orientações de combate ao mosquito. “Dentre as espécies encontradas para simbolizar a tradição, temos vasos de crisântemos, rosas, gérbera e kalanchoe. Sobre o uso dos antúrios, copo de leite e bromélias, o que se sabe é que apesar de termos uma estrutura morfológica nessas plantas (chamada de bráctea foliar), e que tem predisposição para acumular água e néctar, diversos estudos demonstraram que há baixo índice de mosquitos, larvas e pupas, pois os mosquitos preferem ambientes artificiais, já que estão livres de predadores que podem se alimentar da suas larvas”, relata.
O reservatório encontrado nas bromélias acumula milhares de outros animais e insetos, o que pode ser um fator negativo para proliferação do Aedes, pois competem por espaço e nutrientes nessas plantas. Apesar disso, não há riscos relevantes à saúde humana, uma vez que mesmo que esses tanques de água natural possam representar um local para deposição dos ovos, a incidência é extremamente baixa quando comparado a ambientes artificiais, como pneus, vidros e plásticos.
Deve ser evitado também utilizar suporte de velas, descartáveis e reentrâncias nos túmulos ou lápides para depositar as flores, porque estão suscetíveis ao acúmulo de água da chuva, e podem servir de criadouro para o Aedes que pode se reproduzir em qualquer situação desde que tenha água.