ABC - segunda-feira , 6 de maio de 2024

Diadema faz nova ofensiva contra pancadões que ainda persistem

Baile do Pombal reúne mais de mil pessoas por noite aos finais de semana. (Foto: Reprodução)

Balanço da Secretaria de Segurança Cidadã da prefeitura de Diadema mostra que 80% dos pontos viciados onde ocorriam pancadões não recebem mais essas festas de rua, graças a uma ação coordenada entre a Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal. Mas nem todas as batalhas foram vendidas pela prefeitura, os pancadões da Rua Piratininga e o chamado Baile do Pombal, que ficam na mesma região no bairro Serraria, ainda desafiam as autoridades.

“Nesse um ano e meio de Operação Paz e Proteção, que acontece às sextas, sábados e domingos conseguimos que essas festas de rua deixassem de ser intensas como eram antes. Foram 750 operações conjuntas. Colocamos um controle nisso numa estratégia de chegar antes  e não deixarem montar o pancadão”, disse o secretário Benedito Mariano. Segundo ele pontos como o Vermelhão (no Jardim Campanário), Rua Itália (Jardim Canhema), Torre (Taboão), Morro do Samba (Serraria) e Pau do Café (Jardim Promissão) estão sob controle.

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Os pancadões da rua Piratininga e Pombal reúnem, juntos, cerca de mil pessoas por noite e, quando as forças de segurança conseguem evitar as festas usam uma estratégia diferente. Se nos demais pancadões há uma divisão, ou seja, vai a Polícia Militar ou vai a GCM, nestes pancadões do bairro Serraria as duas forças atuam juntas, dado o volume de pessoas que essas festas podem atrair. “Fizemos operação lá durante um mês e parou. Agora recebemos denúncia de que o pancadão voltou e já estamos programando operação novamente por lá. Além disso fizemos ações em 15 comércios, pois sabemos que alguns estabelecimentos contribuem ou mesmo promovem os pancadões. Pela característica do Pombal e do núcleo Piratininga, que têm vários prédios residenciais e uma área comum no centro é mais difícil e ainda esbarramos em alguns moradores que apóiam a realização dos bailes”, disse Mariano.

Segundo moradores, quem apoia o pancadão é uma minoria. “Pode ser que algum desocupado ou molecada mesmo apóie, mas o trabalhador, o pai de família não apoia”, disse um morador do Pombal que pediu para não ser identificado. “Prova que os moradores não apoiam é que tem um monte de casa para vender e ninguém quer comprar, se apoiasse não ia querer sair”, disse. Segundo ele são sempre as mesmas pessoas que montam o pancadão e são sempre os mesmos carros. “Além do barulho tem o ‘bololô’ das motos que deixa qualquer um louco”, relata o morador sobre os estouros de escapamento das motocicletas.

Quando a estratégia funciona, a PM e a GCM conseguem impedir a realização dos bailes de rua. (Foto: Divulgação)

Outro morador ouvido pelo RD disse que tem que deixar seu imóvel nos finais de semana. Ele relata que cuida da mãe idosa, que tem 78 anos de idade e tem uma filha, por isso, quando é fim de semana, vai para a casa do irmão, para fugir do barulho e para ter mais segurança. “Há três meses teve até um homicídio durante o pancadão, por causa disso sossegaram duas semanas depois voltou tudo de novo. Por isso eu tiro minha família daqui, a população não aguenta mais”, diz o morador.

O secretário disse que é no Pombal e no Piratininga onde a reação contra as forças de segurança é mais violenta. “Depois de uma operação nossa, em retaliação eles queimaram um ônibus. Mas com o trabalho da Polícia Civil os três que atearam fogo nesse coletivo já foram identificados e presos”, explicou.

Pancadódromo

Como opção de lazer para os jovens e para tirar dos bairros residenciais a perturbação dos pancadões, o Pancadódromo foi anunciado no ano passado como uma solução. A ideia da prefeitura era disponibilizar um trecho da avenida  Dr. Ulisses Guimarães na Vila Conceição para receber apresentações de DJs. O local é uma área industrial e, de acordo com a proposta, a prefeitura controlaria os produtos à venda e haveria também segurança. A ideia ainda não saiu do papel por conta da pandemia da covid-19, porém com a vacinação e o arrefecimento da pandemia a proposta pode sair do papel. “A ideia ainda está de pé. No primeiro trimestre de 2023, se a pandemia se mantiver sob controle, esperamos começar. Diadema pode ser uma referência positiva nesse aspecto e exemplo para outros municípios, até para a Capital que chegou a ter 400 pancadões num fim de semana”, conclui Mariano.

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