Por conta da pandemia, a organização Doutores da Alegria teve que parar com os trabalhos de arte nos hospitais públicos. Ao RDtv, o artista e integrante da associação, Pystollinha, relata qual o sentimento dos palhaços ao ficarem longe das crianças, adolescentes e outros públicos em situação de vulnerabilidade e risco social neste período.
Em entrevista, Duíco Vasconcellos (o palhaço Pystollinha) lamenta ao dizer que ele e os demais animadores foram impossibilitados de “alimentarem” sonhos e encontros com aquilo que o abastece como ser humano. “A falta de contato com as crianças dificultou tudo. Quando conseguimos voltar, ainda que em dupla, conseguimos ter o jogo estabelecido com a criança, e isso foi uma explosão de felicidade”, diz.
Segundo Vasconcellos, no período de isolamento social era complicado manter a ação ativa e com os mesmos resultados, uma vez que as ações eram entregues via tablet, onde apenas um da dupla estava no hospital e outro em casa. “Ficamos muito felizes por voltarmos a fazer as ações presencialmente”, comemora.
O coordenador artístico da associação, Henrique Rímoli, explica que mais de 21 artistas fazem parte do Doutores da Alegria em São Paulo, e todos são artistas profissionais. “Nosso trabalho não é voluntário. Os hospital que nos recebe não paga nada, mas recebemos doações de pessoas físicas, jurídicas, leis de incentivo e empresas”, explica.
Quando é necessário abrir vagas para novos palhaços, Rímoli explica que é feita uma seleção, lançado um edital e quem quiser participar envia uma “carta de intenção”.
Espetáculo em São Bernardo
Nesta quinta-feira (31), às 14h, na Fábrica de Cultura de São Bernardo, os Doutores da Alegria realizam o espetáculo Conta Causos. A entrada é gratuita e a classificação etária, livre. Os causos são, na verdade, histórias reais ocorridas durante os atendimentos realizados pelos palhaços às crianças, seus acompanhantes e profissionais de saúde em hospitais públicos da capital paulista. A intenção é que mesmo quem está fora do hospital possa conhecer um pouco da realidade do trabalho dos Doutores da Alegria a partir de esquetes encenadas pelos palhaços.
Entre as histórias reunidas pelo elenco para esta apresentação estão a de uma intervenção artística para um adolescente que não largava o celular, “salva” pelas falhas do wi-fi; a de um menino de 8 anos que decidiu ser bombeiro ao ser resgatado por um deles; a de outro que não saía da cama, até que precisou segurar as calças dos palhaços; e a de uma criança que só parava de chorar quando as palhaças cantavam.
Nesta edição do Conta Causos, o público vai ouvir relatos contados por Dr. Trillo (Igor Canova), Dra. Tutty Bolot’s (Suzana Aragão), Dr. De Dérson (Ânderson Spada) e do Dr. Pysthollynha.