
Depois de dois anos de pandemia, a covid-19 ainda é muito presente entre a população. Um estudo realizado pela Fiocruz Minas, publicado em maio/2022, acompanhou por 14 meses 646 pacientes que tiveram a infecção e concluiu que 50,2% tiveram sintomas pós infecção, e se enquadram como “Covid longa”, de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde).
Em entrevista ao RD, o pneumologista e professor do Centro Universitário FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Elie Fiss, explica que ainda não há definição absoluta do tempo, mas no caso de pacientes que tiveram covid e os sintomas persistiram por um período maior que semanas ou meses, pode-se identificar Covid longa. “O tratamento mais adequado vai depender do quadro do paciente, ou seja, dependendo de qual sintoma persistir”, explica o médico.
No caso de perda de olfato ou paladar, Fiss avalia que pode ser necessário uma reeducação do organismo, assim como no caso da presença de algum processo inflamatório, em que se faz necessário tratamento com médico especialista.
Já no caso de pacientes vacinados contra a covid-19 que apresentam sintomas mais leves tanto no quadro geral como no prolongado, a indicação do pneumologista é também procurar ajuda especializada. “Vai depender dos sintomas e de cada caso, mas na maioria dos casos o tratamento é multidisciplinar, mas uma vez consultando, o médico saberá encaminhar corretamente”, reforça.
Priscila Quintal, editora cinematográfica, foi uma das vítimas da Covid longa, e contou ao RD como foi passar pelo processo. “Depois de dois anos e pouco tentando fugir da covid, me contaminei na primeira festa que fui”, lembra. “Enquanto todos meus amigos e conhecidos se recuperaram rápido, fiquei quase 12 dias de cama”, relata. Já liberada pelo médico para retornar às atividades do dia-a-dia, Priscila diz lembrar que seu corpo ainda não estava 100% bem. “Não conseguia me alimentar, sentia tontura, dores de cabeça e o cansaço persistia”, diz.
Quase dois meses depois da “alta”, a vítima da Covid longa relata que começou a entrar em um quadro depressivo em decorrência de um cansaço sem fim, seguido de dores de cabeça que a limitavam para sua rotina. “Foi quando comecei terapias alternativas”, conta ao frisar que foram necessários diversos sintomas até concluir que tratava-se de um caso de Covid longa.
A orientação de Fiss para estes casos é que: caso haja suspeita ou sintomas após um mês da infecção, fazer uma revisão dos exames para ver como estão as funções sistêmicas do organismo. A orientação é válida principalmente para pessoas que possuem alguma comorbidade.