Cachaça, licor, suco, doce, sorvete… O Cambuci conta com uma série de derivados e o ABC, principalmente a microrregião de Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Paranapiacaba, conta com uma série de produtores que usam o fruto oriundo de uma árvore da Mata Atlântica para as mais diversas receitas e para a venda em feiras ou mesmo em outros municípios. No RD Momento Econômico desta quarta-feira (6/7), representantes falaram sobre as dificuldades de escoamento da fruta e a necessidade de políticas para atrair turistas a partir deste fruto.
Cleuza Maria de Salles Queiroz, diretora da Cambusalles e presidente da UP Cambuci (União de Produtores de Cambuci) iniciou a produção de licor, cachaça e suco a partir da vivência do marido na Vila de Paranapiacaba. Após algum tempo, a produção caseira começou a ser divulgada e lavada para outras cidades. Apesar do sucesso, a empreendedora vê que algumas dificuldades que ocorreram durante as fases agudas da pandemia do Covid-19 ainda não foram sanadas, principalmente no escoamento do fruto para os mercados.
“Para os produtores grandes que temos contato a perda foi terrível, a perda foi muito grande nessa pandemia. Agora, no meu caso abriu muito a minha mente, eu acho que devo procurar o Sebrae para procurar orientação para colocar esse fruto no mercado, fato que eu não consigo fazer isso ainda hoje. Se na época da pandemia eu tivesse essa saída para o meu fruto seria ótimo, mas eu não tive essa saída, porque eu uso tudo em produtos e fazendo a cachaça e o licor. Mas se eu não consigo fazer isso, como eu coloco essa fruta no mercado?”, questiona.
Este é o mesmo entendimento de Ernesto Guariento, diretor da Delícias da Serra e integrante da Rota do Cambuci, em Ribeirão Pires, que produz em sua casa cachaça e licor, e que há oito anos vende em feiras. As dificuldades para destinar os frutos acumulados antes que ocorra uma nova florada também chamam a atenção.
“Realmente como a Cleuza falou, não temos onde colocar o Cambuci, eu mesmo tenho um freezer cheio de Cambuci e eu não ei onde por. Você pega muito Cambuci, mas depois começa a florir novamente e não tem onde colocar. Então perdemos muito. A minha bebida eu deixo em alguns lugares, entendeu, deixo em quitandas, deixo em vários lugares”, explicou.
Ambos consideram que seja necessário um movimento regional para que mais consumidores possam visitar a região e assim consumir o fruto e seus derivados, assim potencializando o turismo (além do Festival do Cambuci) e dando mais oportunidades para os pequenos, médios e grandes produtores que buscam manter o cuidado com as árvores nativas, principalmente levando em conta o recente risco de extinção do fruto.