A inadimplência no ABC segue com o patamar alto. Segundo levantamento feito pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de São Caetano, atualmente são 399.743 moradores das sete cidades com o nome negativado no sistema SPC/Serasa. O presidente da entidade, Alexandre Damasio, em entrevista ao RDtv nesta sexta-feira (27/5), alertou sobre o aumento do número de inadimplentes em temos de desindustrialização na região e da crise econômica, e prevê que tal dado pode aumentar nos próximos meses.

“Quando você olha o emprego houve uma ascensão do emprego, mas com o ticket de salário baixo. Em contrapartida na nossa região boa das negativações estão atreladas aos consumos mensais ou continuados como água, luz, universidade e mercado. Eles não têm tickets muito altos, mas são acumulativos. A maioria das pessoas tem um ticket médio de inadimplência acima dos R$ 500”, iniciou Damasio.
“Estamos em uma transformação de vocação do metal mecânico para uma vocação que não sabemos qual é. Alguns falam que é o setor de serviços, mas não sabemos para quais áreas do serviço não seremos vocacionados e você tem o achatamento do poder de compra. Então a inadimplência é uma preocupação para quem vende, é uma preocupação para quem empresta dinheiro e é uma preocupação para quem quer voltar a consumir, e temos aí efeitos da retomada econômica”, completou.
O último levantamento sobre a inadimplência da região apontou uma queda. Em março o número era de 480 mil pessoas. Damasio explica que tal situação ocorreu devido a liberação do FGTS e o próprio Auxílio Brasil que foi usado para a redução dessas dívidas. Porém, sem qualquer outra medida e as consequências dos dados referentes ao Dia das Mães e o Dia dos Namoradores poderão aumentar a lista de pessoas sem crédito na praça.
Outro ponto em que o especialista chama a atenção é a falta de educação financeira, principalmente para os trabalhadores que estão perdendo emprego no setor industrial e acabam apostando no empreendedorismo, mas sem qualquer tipo de auxílio. Damasio considera que as empresas deveriam disponibilizar um curso para que esses funcionários possam entender melhor o que fazer após perder o emprego.
O mesmo, segundo o especialista, deveria ser feito nas escolas para os mais jovens e em outros momentos para os adultos, para que possam aprender a controlar seus gastos e assim evitar que o nome possa parar na temida lista do SPC/Serasa.