
Moradores de Ribeirão Pires reclamam da falta de professores auxiliares na rede municipal de ensino. Os profissionais são responsáveis por acompanhar alunos com necessidades especiais e a falta desse atendimento causa atrasos e dificuldades no aprendizado e na inclusão destes alunos. A situação afeta a filha de Jessica Caroline de Paulo Bittencourt, matriculada na escola municipal Engenheiro Carlos Rohm, na região central.
A mãe da pequena Valentina, de 6 anos, matriculada no primeiro ano do ensino fundamental, relata que a filha é cardiopata e por conta da condição a criança teve uma isquemia, que afetou a coordenação motora do lado direito. “Ela nasceu destra, mas teve que virar canhota. A parte cognitiva dela é perfeita. Mas precisa de um professor auxiliar para ajudá-la durante a aula, na anotação da matéria e nas atividades”, explica Jessica.
Atualmente, segundo a mãe, a menina é acompanhada por uma professora auxiliar que atende outros alunos da unidade escolar e não fica o tempo todo com a aluna. “Às vezes está na sala dela, às vezes em outra, a profissional se divide. A informação é que aguardam a atribuição e nunca sai”, afirma a moradora. “O ensino é muito bom, me surpreendi. Tirei a Valentina de uma escola particular e coloquei nesta, ela desenvolveu muito bem, tem sala de recurso, mas sinto falta desse suporte com a professora auxiliar”, diz.
Em outra unidade da cidade, Raniellen Demiciano dos Santos, de 25 anos, também enfrenta a mesma situação com o filho de cinco anos, que é autista, e está matriculado na escola municipal Irmã Maria Bernadete Bandeira de Seixas, no Jardim Caçula. “Ele está no jardim II, ano de alfabetização. No próximo, ele já vai para primeira série e não sabe números, letras, cores, absolutamente nada. Pelo fato de ter mais de vinte crianças em uma sala, em que dois são autistas e com apenas uma professora”, relata a mãe.
Há três anos, o pequeno faz uso de medicamentos e terapias com profissionais de fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, bem como acompanhamento com neurologista e pediatra. “A gente faz atividades com ele em casa e nas terapias também, para que possamos ter algum avanço, que não é do dia para a noite, mas uma hora vai dar certo. Mas a escola é fundamental, quanto mais ajuda, melhor ainda”, afima Raniellen, que já enviou o laudo médico ao órgão responsável, que indica a necessidade de um professor auxiliar, especializado em educação especial, para acompanhar a criança e promover atividades específicas ao seu desenvolvimento.
Concurso público
Em dezembro do ano passado, a Prefeitura abriu um edital de convocação para seleção pública de contratação temporária de professores A e B e professor de desenvolvimento infantil. Uma das candidatas, que preferiu não se identificar, aguarda o chamamento da seletiva. “A prova foi realizada em janeiro deste ano, mas não obtive mais informações desse concurso”, afirma.
A profissional acompanha reclamações de pais e responsáveis sobre a falta de professores auxiliares nas salas da rede municipal de ensino e fala sobre a situação na cidade. “Na verdade não vejo como falta de profissionais, é falta de oportunidade. Sou formada e pós graduada em educação especial e tenho muitas colegas da área que desistiram, pois não temos oportunidades de atuar a não ser que fazemos provas e concursos. O sentimento que traz? Vejo a área da educação desvalorizada”, diz e aponta que os alunos são prejudicados na socialização, pois ficam excluídos no desenvolvimento tanto motor como no cognitivo.
Questionada, a Prefeitura não se posicionou até o fechamento desta matéria.