
Em Ribeirão Pires, a feira livre realizada todas as quintas-feiras, na região central da cidade, tem gerado debate entre comerciantes do entorno. A atividade comercial foi transferida pela Prefeitura da área localizada entre as ruas João Domingues de Oliveira e Euclides da Cunha, no Centro, para a Vila do Doce, na mesma região, um dos principais pontos turísticos da Estância, gerenciado pela Aciarp (Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Ribeirão Pires).
Antes realizada sempre no período noturno, após a transferência de local, feita no dia 21 de abril, a feira livre passou a ser montada a partir das 7h e o desmonte inicia às 22h, segundo a presidente da Aciarp, Eliete Vieira, que aponta alguns problemas com a mudança de local. “Primeiro, a Aciarp não foi avisada. Não sou contra a feira, de maneira alguma, mas é preciso organizar e oferecer estrutura adequada a esses trabalhadores, bem como consultar os quiosques e comércios do entorno”, explica Eliete e afirma que o horário noturno é o mais adequado para atender todo o público, principalmente aqueles que trabalham o dia todo, foco principal da feira noturna.
Outro problema apontado pela presidente da Aciarp é a venda de produtos similares aos comercializados no entorno. “Os comerciante não podem ser prejudicados. Precisamos pensar em formas de ajudar a todos, para que o comércio gire e as vendas continuem e os feirantes trabalhem com tranquilidade. Mas, para isso, é necessário planejamento e diálogo, o que não aconteceu até o momento”, afirma.
Os comerciantes da Vila do Doce e entorno souberam da chegada da feira, no primeiro dia em que foi realizada no local, durante o feriado de Tiradentes, no mês de abril. O administrador da pastelaria Castelo Azul, localizada em frente à Vila, Eduardo Massahide Yamashiro, vê com bons olhos a inciativa, mas ainda observa os impactos. “Percebemos um aumento no fluxo de pessoas na região. Começou a pouco tempo, vamos observar ainda quais serão os prós e contras. Mas na minha visão, não acho que trará problemas ao meu comércio”, conta e aponta que o irmão, também administrador do local, teve receio de reduzir as vendas. “Há produtos similares na feira, ele teve essa preocupação, mas ainda não houve problema”, observa.
Outra comerciante, que preferiu não se identificar, também não se sente afetada com a chegada da feira. “A movimentação de pessoas por aqui é boa. Até me ajuda nas vendas, não afetou o meu quiosque ainda”, comenta a moradora que possui comercio em um quiosque dentro da Vila..
Para Eliete, a pastelaria é um dos comércios que devia participar da discussão. “Atuam há 20 anos na cidade, deveriam ser ouvidos e terem os seus pontos de vista e demandas ponderados. Mas não houve diálogo”, afirma. Outro apontamento feito pela gestora é com relação à estrutura oferecida aos feirantes. “Há um convênio com a Prefeitura, ou seja, a Aciarp é responsável pela manutenção e gerenciamento da Vila do Doce. E a própria administração, além de não consultar a associação, ainda desligou as câmeras de segurança do local para dar energia elétrica aos feirantes. Não pode ser assim”, critica.
Com os equipamentos desligados, a Aciarp acionou a empresa responsável pelo monitoramento da segurança do espaço, o que gera custos. “Já enviei ofício à administração pedindo informações sobre a feira, se ficará permanente, se podemos conversar sobre a estrutura mais adequada para fornecer água e luz a esses feirantes. Quero fazer com que a Aciarp participe e não fique apenas com os gastos”, afirma Eliete, que aponta também os custos com o banheiro (insumos de higiene e limpeza) da Vila do Doce, que também é gerido pela instituição e é utilizado pelos feirantes. “A Vila do Doce é pública, mas conversar com a Aciarp antes de utilizar, para que possamos ajudar e organizar melhor, não custa nada. Nós precisamos saber se haverá aumento no fluxo, para programar os gastos e atender a demanda de forma organizada”, diz.
Procurada, a Prefeitura não se posicionou sobre o assunto até o fechamento desta matéria.