Moradores reclamam de serviços da Enel; falta de energia elétrica superou 44h

Ana Meire perdeu uma dose de insulina, por conta da falta de energia, que chegou a mais de 44h, no Jardim Utinga, em S.André (Foto Reprodução)

As reclamações sobre serviços e atendimento da empresa Enel Distribuidora SP continuam. Moradores de diversas cidades do ABC relatam transtornos causados pela falta de energia elétrica, que chegou a mais de 44h em alguns bairros. É o que relata Ana Meire Messias, moradora do Jardim Utinga, em Santo André, que percebeu o corte de energia elétrica às 3h30 de sábado (23), após ouvir um estouro na rua. A situação só normalizou por volta da 1h da madrugada de domingo (24) para segunda-feira (25).

Por sorte, a moradora teve ajuda do irmão para guardar os alimentos da geladeira e não sofrer perdas, mesmo assim, Ana perdeu um item importante do seu dia a dia. Aos 40 anos, a munícipe faz uso três vezes ao dia de insulina para o tratamento da diabetes tipo 1, desde os 24 anos. O medicamento precisa ser mantido na geladeira. “Não pode esquentar. Eu pedi para o irmão guardar, mas uma dose foi perdida e eu preciso manter o tratamento. “Já perdi a visão do olho direito e tenho baixa visão do olho esquerdo, por conta disso não vejo bem com luz, sem ela tenho muita dificuldade, moro em um sobrado”, conta Ana, que consegue o medicamento na unidade de saúde próxima de onde mora.

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A qualidade no atendimento da empresa também é outra reclamação. Ana entrou em contato com a empresa às 4h da madrugada de sábado, para informar o problema e recebeu a informação que a luz voltaria às 11h de sábado. “Depois recebi uma mensagem que dizia que retornaria às 15h, depois informaram 18h30, daí passou para o dia seguinte. Quando o caminhão veio na madrugada, o funcionário disse que recebeu a solicitação havia trinta minutos”, relata a moradora que mora com mais três familiares, entre eles a avó de 92 anos.

Em Ribeirão Pires, Lívia Martins da Silva, moradora do beirro Centro Alto, sofreu a falta de energia elétrica por mais de 36h, desde às 10h de sábado (23) até às 00h de segunda-feira (25). “Meu marido tinha feito uma cirurgia no dente, na sexta-feira a noite, e a dentista deu uma bolsinha de gel para colocar na geladeira e aplicar no rosto constantemente para evitar dor e inchaço”, conta. Sem energia e e para aproveitar o frio que se mantinha no congelador, Lívia tentou manter a bolsa congelada. “Não ficou fria suficiente, ele sentiu muita dor e tivemos que ir ao dentista às pressas. Foi receitado um medicamento para dor e inchaço”, relata a moradora.

Para não perder alimentos que estavam no congelador, recorreu à ajuda da sogra e da avó, que moram na Vila Suissa. “Mas eu soube de vizinhos que não conseguiram fazer o mesmo e perderam muitos alimentos. Eu perdi alguns alimentos da geladeira, mas foram poucos, salvei as misturas congeladas”, afirma Lívia.

Em nota, a Enel informa que a forte ventania, que chegou a atingir cerca de 60 km/h, registrada no início da tarde do dia 23 (sábado), afetou o fornecimento de energia para alguns clientes da área de concessão, mas a situação já foi normalizada.

Contas altas

Outra reclamação das moradoras é o valor alto das contas de luz. Lívia, que mora com o marido, afirma que mesmo economizando gasta por mês aproximadamente R$ 200. “Meu marido trabalha o dia todo e eu fico em casa. Estudo somente a noite, porém como fico sozinha, durante o dia mal uso energia. Faço limpeza pesada em casa uma vez por semana só, porque a conta de água também é cara”, conta.

Em Santo André, Cinthia Cristina Soares, moradora da Vila Tibiriça, reclama dos valores que recebe na conta de luz. Até abril do ano passado, a moradora afirma que pagava valores entre R$ 130 e R$ 150, mas há um ano as contas ultrapassam R$ 800 em alguns meses. “A minha casa é dividida, tem a minha e a do meu primo. Há dois anos abri um chamado para a instalação de um relógio separado e não fui atendida ainda. Neste mês recebi uma conta de R$ 813, quando vem um valor mais coerente é de cerca de R$ 500”, informa. “Já pedi ajuda de uma advogada, que procurou o Procon. Preciso que revejam os valores, eu não consigo pagar”, conta.

Sobre o caso de Cinthia, a Enel informa que vai averiguar o caso e, em breve, envia nota oficial com mais informações.

Nesta quarta-feira (27), a Enel informa, em nota, que enviará uma equipe na quarta-feira (28) para fazer uma verificação do medidor da residência da moradora.

Reclamações

Levantamento realizado pelo Procon Consórcio ABC aponta que de janeiro até 8 de março de 2022, foram registradas 447 reclamações referentes a serviços prestados e atendimento da Enel – concessionária de energia elétrica -, o que representa 11% do total de 4 mil demandas recebidas pelas unidades do Procon no ABC, principais órgãos de defesa do consumidor. Os números do primeiro bimestre de 2022 representam 42% do total de reclamações contra a Enel, registradas na região, entre os meses de janeiro e julho do ano passado.

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