
O ex-subprefeito de Paranapiacaba, João Ricardo Guimarães, revelou que a vila aumentou em cinco vezes o número de turistas entre 2002 e 2006. Segundo dados divulgados por ele, durante encontro no diretório do PT de Santo André, eram 41 mil turistas por ano em 2002. Quatro anos depois, o montante saltou para 221 mil/ano.
A ascensão se deve, de acordo com Guimarães, aos investimentos feitos após a compra de Paranapiacaba, em 2001, na gestão do ex-prefeito Celso Daniel. Até então o território pertencia à RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A). No período estratificado foram investidos R$ 25 milhões em ações de manutenção e restauro do patrimônio, além de cursos de capacitação aos cerca de 2 mil moradores.
“O único ato não foi comprar. Colocamos Paranapiacaba no circuito turístico do Estado de São Paulo. Desconsiderar isso é desconsiderar fatos”, afirmou João Ricardo. Hoje ele é Diretor de Programas e Projetos do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. Nos últimos dias, a vila voltou ao noticiário por intermédio do vereador Paulinho Serra (PSDB). Durante o anúncio do ITV (Instituto Teotônio Vilela), o pré-candidato a prefeito – na disputa sucessória de 2012 – disse que Paranapiacaba “está abandonada” desde a morte de Celso Daniel, em 2002.
Segundo João Ricardo, a partir da compra da Vila, a Prefeitura encontrou um patrimônio histórico em estado de decomposição, com ausência de atividade econômica e um produto turístico sucateado. “Nós sabíamos que teríamos de organizar a casa para depois fazer a venda do produto turístico, por isso, o investimento pesado em restauros e manutenção”, explicou.
Apesar do expressivo incremento no número de turistas, o ex-suprefeito lembrou que a preocupação não era a quantidade. “Nossa preocupação era o valor do ticket médio de consumo do turista. O que o visitante agregava na economia local”, disse. Ele não citou o valor do ticket.
Para atrair visitantes, a Prefeitura, segundo ele, investia em peças publicitárias e informações à imprensa, por meio de releases. Além das festas tradicionais como Carnaval e Natal, a Vila costuma seduzir turistas nas festas do Cambuci e das Bruxas, além do Festival de Inverno.
Na época, os próprios jovens eram capacitados para absorver a demanda de turistas com cursos voltados para recepção, hospedagem e guia turístico. Esses jovens tinham uma renda média de R$ 800,00.
João Ricardo evitou polemizar a afirmação de Paulinho Serra e esquivou-se ao ser indagado sobre a situação da Vila no governo Aidan Ravin (PTB). “Eu não tenho acompanhado a rotina para emitir uma opinião”. Porém, indiretamente, criticou a falta de promoção de Paranapiacaba. “Por exemplo o feriado de 7 de setembro. Como é uma quarta-feira (meio de semana), eu não vejo melhor local para o turista. É um local próximo e com várias atrações”, disse. “Tem que vender a idéia e promover o produto”, emendou.
Último ato
Horas antes de ser sequestrado, em janeiro de 2002, Celso Daniel concretizou um projeto que começou a ser trabalhado na primeira gestão dele em 1989: comprou a vila de Paranapiacaba, cidade ferroviária construída a partir de 1860 por iniciativa do barão de Mauá.
O objetivo de Celso Daniel era transformar o local em um ponto turístico. No mesmo dia do crime, a Prefeitura de Santo André fechou negócio com a RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A) por R$ 2,1 milhões, que foram pagos em 18 parcelas.
A vila de Paranapiacaba foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo em 1987.