A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) instalada na Câmara de Santo André no ano passado para apurar a atuação da concessionária de energia Enel, concluiu que a empresa não presta serviços de qualidade. O relatório, fruto de cinco meses de trabalho, foi lido na sessão desta quinta-feira (17/02) e aprovado por unanimidade. Agora a Câmara vai encaminhar o relatório de 40 páginas, mais o toda a documentação e depoimentos colhidos, para o Ministério Público, para o Procon e para a Comissão de Defesa do Direito do Consumidor da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).
“A população pediu socorro e nós atendemos”, disse Renato Barros Santiago Filho, o Renatinho do Conselho (Avante), que presidiu a CPI. A comissão teve ainda Marcos Pinchiari (PSDB), como relator, e Bahia Santana (PSDB), Pedro Awada (Patriota) e Ana Veterinária (DEM), como membros. “A nossa CPI não virou pizza, agora o nosso trabalho vai ser encaminhado para o Ministério Público, para o Procon e para a Alesp, foi um trabalho duro de cinco meses e bem transparente”, disse Renatinho ao RD logo após o encerramento da sessão.
“Concluímos que a Enel não presta um bom atendimento, seu sistema para atender a população é arcaico e terceirizado, tratam as pessoas mal e com frieza, não respeitam as pessoas nem o município”, disse o presidente da CPI. Em um dos trechos do relatório os integrantes da comissão apontaram que a audiência realizada com representantes da Enel na Câmara em outubro de 2021, resultou em pouco avanço, o relatório apontou “respostas evasivas e falas pouco elucidadoras” por parte dos representantes da companhia.
Apesar de dizer que gostaria que a Câmara tivesse mais poder para obrigar a empresa a mudar sua postura, Renatinho se disse satisfeito com o trabalho. “Só no meu gabinete conseguimos resolver cerca de 300 casos, porque a população nos procurou. Teve um caso de uma senhora aposentada, que ganha um salário mínimo e que recebeu R$ 12 mil de conta. A Enel foi lá e cortou a energia da senhora que cuida de quatro netos; ela ficou 20 dias sem luz. Nós cobramos respeito, tivemos que entrar na briga com a Enel e resolvermos a questão dessa senhora e de várias outras pessoas dialogando sempre e comprovando, pela média de consumo, que a cobrança era abusiva. Por isso eu termino esse trabalho com sensação de dever cumprido, só fico frustrado de não poder fazer mais, porque não compete a nós vereadores. A briga compensou, mas agora a Alesp também tem que cobrar do governo uma posição sobre os termos de concessão dessa empresa, além do Ministério Público”, concluiu o parlamentar. Outras quatro cidades do ABC também investigam a postura da Enel, são elas: São Caetano, Diadema, Mauá e Ribeirão Pires.