ABC - terça-feira , 30 de abril de 2024

Juros: Taxas recuam com aumento da expectativa de aprovação da PEC

Os juros futuros tiveram sessão de queda firme, amparada no otimismo em relação à aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara ainda hoje na Câmara. Algumas taxas da ponta longa chegaram a fechar mais de 30 pontos-base, na medida em que os destaques ao texto iam sendo derrubados durante a tarde, abrindo caminho à votação do segundo turno em si. Em meio ao sinais do Banco Central de que pode ser agressivo no aperto monetário e em véspera de divulgação do IPCA de outubro, os juros de curto prazo recuaram com menos força. E, com o foco do mercado voltado totalmente a Brasília, o exterior ficou hoje em segundo plano.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou em 12,135% a sessão regular, e em 12,155% a estendida, de 12,226% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 fechou em 11,85% (regular) e 11,86% (estendida), de 12,166% no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 12,023% para 11,72% (regular) e 11,73% (estendida).

Newsletter RD

A aposta de que a PEC, bem ou mal, vai passar em segundo turno ainda hoje embalou os ativos desde a manhã, com a notícia de que a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou pedidos para suspender a tramitação do texto, alegando que a PEC ainda seguirá para análise do Senado. A mobilização do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressista-AL), para colocar a matéria em pauta também foi precificada como avanço na tramitação. A derrubada gradual dos destaques ao longo da tarde também foi computada como vitória do governo.

O analista de Investimentos Renan Sujii entende que a curva de juros foi a mais castigada pela aversão ao risco fiscal das últimas semanas ante outros ativos e tem gordura para queimar num cenário de aprovação da PEC, que, segundo ele, é o “plano A, B e C da equipe econômica” como fonte de financiamento ao Auxílio Brasil. Não que a PEC seja vista como uma boa solução, mas, caso não passe, o mercado teme articulações para a volta dos créditos extraordinários e estado de calamidade, que representariam praticamente um cheque em branco para as despesas.

“O mercado está com um olhar muito de curto prazo na questão da PEC, voltado apenas à Câmara, para depois ver o que acontece no Senado. A ideia é passar primeiro nas quartas-de-final para então pensar na semi”, comparou Sujii. “O placar na Câmara foi apertado e o Senado é uma casa ainda mais dura.”

Do mesmo modo, o resultado negativo para o governo do julgamento, pelo STF, sobre os repasses parlamentares por meio de emendas de relator do orçamento secreto, e que teriam assegurado a aprovação da PEC no primeiro turno, também não abalou a confiança dos agentes. Pelo placar de seis a zero, foi mantida a liminar da ministra Rosa Weber que suspendeu as transferências.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, destaca, entretanto, que na prática, mesmo com a suspensão dos pagamentos, o governo pode deslocar recursos discricionários e outros recursos de forma livre pelo Executivo. “A flexibilização de regras para votação pelo Presidente da Câmara ainda dá chances de aprovação”, disse.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes