A importância da doação de órgãos é sensibilizada neste Setembro Verde, que reforça também a necessidade de conscientizar familiares sobre a escolha de ser um doador, já que a decisão após óbito ainda se dá aos parentes da vítima. A esperança pela doação de um órgão compatível é tanta que mobilizou moradora de Santo André a se juntar em exposição sobre a causa.
Tramitada desde 2017, o projeto de lei nº 453, do senador Lasier Martins (PSD/RS), solicita alteração na lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, assim tornando a decisão das pessoas em doar órgão válida mesmo após óbito, registrada no SUS (Sistema Único de Saúde), que se encontra para aprovação na câmara. Mas, a alteração pode modificar de forma positiva as novas doações, já que muitas não ocorrem pela escolha da família e falta de comunicação.
Em entrevista ao RDtv, Marcelo Bacci, nefrologista e professor pesquisador da Faculdade de Medicina do ABC, comentou que além da compatibilidade do órgão a ser doado, muitas vezes a família não é conscientizada da escolha e este é o único jeito de melhorar a fila de espera de quem precisa. “O assunto da doação não é falado e isso deve ser conversado dentro de casa. As pessoas devem se manifestar, pois quando infelizmente for doador falecido, os familiares que acabam sendo consultados e eles precisam estar cientes”, alerta.
De maneira a contribuir com a causa, e na espera de um doador compatível de rim para seu filho Marcelo Bacci, de 17 anos, a professora Fabíola Cavallari se junta ao Instituto IPES (Instituto de Projetos Educacionais e Sociais) na exposição da vida do jovem que aguarda na fila do SUS, desde dezembro de 2020, o transplante de rim e precisou interromper o sonho de jogar futebol por conta da doença.
A mãe explica que o filho é paciente renal crônico, e desde o nascimento, em 2003, realiza acompanhamento para tratar e conservar o órgão. “Em março deste ano ele passou o cateter no rim para tentar reativar as funções e foi um grande choque para a gente. Quando tive que interna-lo entrei numa profunda tristeza e pensei o que poderia fazer para ajudar, já que nem eu e nem minha família somos compatíveis”, comenta.
Devido à pandemia, a fila de transplantes diminuiu muito segundo o médico, uma vez que com mais pessoas em casa, o número de acidentes diminuiu. “O fluxo de órgãos reduziu no que se diz respeito ao doador falecido […] A pessoa pode doar em vida e o critério acaba sendo o de compatibilidade, justamente para que não haja prejuízo para quem recebe o órgão”, comenta o médico.
Marcelo tem aguardado na fila de espera, e prestes a completar 18 anos, ainda vê esperança em conseguir um doador antes de sair da fila prioritária para menores de idade. “Não foi uma das melhores notícias, mas logo diluiu, pois mesmo sabendo que não poderia treinar sabia que seria algo passageiro”, diz. “Até 18 anos tenho que esperar por um rim e se não chegar, espero que chegue antes de completar 20 anos. Tive que ser forte para mostrar para minha mãe que não precisa se desesperar”, salienta.
A exposição traz 12 fotos de Marcelo em seus dias de treino, que agora são apenas de exercícios físicos, e informações importantes sobre a doação de órgãos, que envolvem também a colaboração da mãe (Fabíola) em conscientizar as pessoas. “Me vi como mãe na única opção de movimentar e concretizar […] para que mais órgãos estejam disponíveis para todas as pessoas que estão na fila de transplante”, completa.
Quem tiver interesse, pode comparecer a exposição do dia 1º a 30 de setembro, no fica no Piso Térreo do Atrium Shopping, em Santo André.