O aumento da violência infantil durante a pandemia destacou a necessidade das denúncias serem realizadas ao conselho tutelar, pelo disque 100 de forma anônima. Em São Caetano, Christiane Barboza, conselheira tutelar, destacou em entrevista ao RDtv que o período de isolamento fez o número de denúncias aumentar em 60% na cidade.
Segundo a conselheira, o confinamento fez com que muitas pessoas passassem a ter comportamentos mais agressivos, principalmente com as crianças. “As crianças por serem muito ativas são as primeiras vítimas desta violência. Quando ela está na escola, tem como o professor observar a mudança de comportamento, mas a falta de informação das pessoas têm dificultado o acesso a este tipo de violência”, explica.
O aumento registrado nas denúncias reiterou a importância do conselho tutelar em agir nas situações junto a família, e Christiane ressaltou que todos os casos são averiguados. “Averiguamos todas as denuncias, tanto pelo disque 100 ou ligadas para o conselho tutelar. Estamos fazendo levantamento de estatística, não foi finalizada ainda, mas é um aumento bem considerável”, diz.
O ex-conselheiro tutelar de São Bernardo, Sérgio Linhares, salientou que as pessoas que tem contato com crianças devem ficar atentas aos comportamentos, pois a denúncia de violência pode partir de qualquer um. “Se a escola tiver o contato com isso, ela tem que passar para o conselho tutelar com urgência, sob pena de responsabilidade administrativa. Nosso trabalho acontece em rede, e o conselho só funciona se ela existir e funcionar”.
Apesar das violências serem tratadas de maneira imediata, o conselho atua de diversas formas, já que segundo Linhares, nem sempre o pai ou mãe que violenta uma criança, quer o mal dela. “Existe uma questão cultural, o pai apanhava e ele acha que educar tem que reproduzir o que vivenciou, nem sempre é um casos e retirada da família, tem um atendimento psicológico, o conselho nunca quer tirar a criança da família, as vezes foi um momento que aconteceu, o conselho trabalha em diversas vertentes, e sabe quando tem que tirar a criança da casa”, ressalta.
A rede criada pelo conselho tutelar atua com profissionais de diferentes áreas, tanto para a criança quanto para a família, que precisa ser assistida. “Elas são encaminhadas para a saúde, em tratamento com psicólogo, e quando tem violência ela é encaminhada para uma escuta protetiva, em que ela vai conseguir revelar o que de fato aconteceu. É uma rede, o genitor também passa por esse tratamento”, completa Christiane.
Para realizar a denúncia de forma anônima e 24h: Disque 100.