As medidas restritivas estão cada vez mais rígidas na região, como forma de conter o avanço da pandemia da covid-19. No entanto, os toques de recolher implantados nas cidades, associados as fiscalizações sobre quarentena, ocorrem somente nas zonas comerciais, o que tem gerado descontentamento em uma parcela da população, que pede garantia de medidas restritivas e mais vigilância nos bairros e espaços públicos.
Em São Caetano, a fonoaudióloga Tânia Regina da Costa, de 34 anos, conta que apesar de concordar com as medidas de restrição, acredita que para surtir maior efeito a fiscalização deveria ser mais intensificada em locais públicos, como praças e parques, já que muitas pessoas se reúnem para prática de atividades físicas. “São espaços que geram aglomeração e que se faz necessário uma vigilância maior”, diz.
A reclamante menciona, ainda, a problemática de festas clandestinas que têm sido organizadas na cidade e que ocorrem sem fiscalização. “As festas são amplamente divulgadas, principalmente nas redes sociais, mas mesmo assim não tem efeito nenhum. Tem muitos bailes com jovens e isso é um fator de altíssimo risco. Acredito que falte fiscalização e, principalmente, conscientização da população”, enfatiza.
Tânia, que atua em um consultório no centro da cidade, relata que sequer presenciou algum toque de recolher ou fiscalização na região central. “Nunca fui parada, nem vejo pararem as pessoas ou questioná-las sobre onde estão indo”, conta. “O que vejo é que, quando se tem uma denúncia e é algo escancarado, a Prefeitura manda o fiscal, mas não vejo isso partir da própria”, explica. Já a moradora de Santo André, Eliane Lemos, de 56 anos, conta que vê fiscalização na região. “Elas acontecem, só que de forma equivocada”, diz.
Um morador de Diadema, que preferiu não ser identificado, diz enxergar a fiscalização de forma positiva mas, se realizada de modo geral. “Vemos a fiscalização apenas para o lado mais desfavorecido economicamente, mas pontos de drogas e festas clandestinas tem em todo canto. Eles (fiscais) passam na avenida ao lado do comércio que funciona de forma irregular e não fazem absolutamente nada, só vão na loja com duas ou três pessoas, em Diadema é assim”, conta.
Para ele, a fiscalização deve acontecer e incluir centros comerciais, mas também focar em endereços mais afastados. “Não se pode esquecer as demais regiões da cidade e é o que vem acontecendo. Parece até que eles focam em uma região e atuam somente nela”, enfatiza.
Em nota, as prefeituras da região reforçam que têm realizado operações e que, quando constatada a irregularidade no funcionamento de comércios, podem resultar em orientações, advertências, multas ou até mesmo lacração de estabelecimento.
A Prefeitura de Diadema informa que a GCM (Guarda Civil Municipal) realiza fiscalização em todos os centros municipais do município, enquanto em Ribeirão Pires, as rondas também seguem ativas 24h em diversos bairros. Santo André e São Bernardo dizem, em nota, que têm realizado constantes operações em toda cidade. Já São Caetano informa que as ações diárias são intensificadas no período noturno.
A equipe do RD também contatou as prefeituras de Rio Grande da Serra e Mauá para obter o balanço das fiscalizações, mas não obteve retorno até o fechamento da reportagem.